Glenn Switkes, ambientalista e diretor da International Rivers, morreu na madrugada desta segunda (21/12), à 1h30, no Hospital Samaritano, em São Paulo. Ele sofria de câncer nos pulmões, em estado terminal. O ambientalista era americano, mas vivia no Brasil, onde era responsável pela campanha na América Latina da organização International Rivers.
Ele se uniu à organização em 1994 para facilitar a articulação de uma campanha contra um projeto de hidrovia, que pretendia abrir um canal de navegação através da segunda maior bacia hidrográfica da América Latina, com potenciais danos ao meio ambiente, em espacial ao Pantanal.
Mais recentemente, Switkes ajudava a facilitar a criação de uma rede de grupos que trabalhassem pela proteção dos rios da Amazônia, particularmente à luz dos planos de se construir um complexo de 70 grandes barragens na região, e de converter três dos principais afluente do rio Amazonas - Madeira, Tapajós e Xingu - em hidrovias industriais.
Antes de integrar a International Rivers, Switkes coordenou a campanha Rainforest Action Network's Western Amazon oil campaign (Ação da Floresta Equatorial- Rede da campanha sobre o petróleo da Amazônia Ocidental). Nesse projeto, ele trabalhou com grupos ambientalistas e organizações indígenas, no desafio da entrega de grades áreas da Amazônia à exploração de petróleo.
Switkes foi jornalista e cineasta. Dirigiu o documentário Rio Madeira Vivo, produzido pela equipe do Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia Rio Terra, trabalho em que retratou os possíveis impactos socioambientais da construção de um complexo hidrelétrico no rio Madeira. Apoiou os direitos indígenas durante mais de 25 anos.
O ativista também era mestre em Jornalismo pela Universidade de Berkeley, Califórnia, e graduado em História na Universidade de Columbia. Dentre suas produções escritas, destaca-se "Águas Turvas: alertas sobre as conseqüências de barrar o maior afluente do Amazonas".
O livro, lançado em 2008, expõe as contradições do Complexo Hidrelétrico e Hidroviário do Rio Madeira e fazia perguntas ainda não respondidas com relação à sua viabilidade socioambiental, em meio à expectativa dos empreendedores de receberem a permissão para iniciar a construção de usinas, como as de Jirau e Santo Antônio, já em andamento na região. Os artigos que compõem Águas Turvas pretendem servir de instrumento para aqueles que buscam compreender melhor o histórico do projeto e suas implicações danosas à Amazônia.
Veja também:
- "O governo Lula é uma mescla de Lula, Maluf, Jader Barbalho, Maggi...". Entrevista especial com Glenn Switkes
- Por Glenn Swtikes, Amazon in Peril
- Baixe o livro "Águas Turvas"
(Amazonia.org.br, 21/12/2009)