A construção de moradias na área a ser revitalizada no Centro foi vetada
Em votação sobre o projeto de revitalização do Cais Mauá que avançou pela noite, os vereadores de Porto Alegre determinaram ontem que a área não poderá ser utilizada para moradia. Por meio de emendas, a Câmara decidiu que o espaço poderá abrigar hotéis e apart-hotéis, que são considerados serviços. Em outro debate polêmico, foi mantida a altura máxima de até cem metros (equivalente a 33 andares) para construções no local.
Apesar de a área do cais ser pública, o que impediria a venda dos imóveis, o projeto do governo admitia a possibilidade de uso residencial. Esse era um dos pontos mais controversos da iniciativa que procura recuperar o coração portuário da cidade.
– Não havia algo específico previsto sobre moradias, mas era uma possibilidade. Acabou sendo descartada – afirmou o coordenador do projeto de revitalização, Edemar Tutikian.
A altura dos empreendimentos era um dos pontos polêmicos
Autora da proposta que assegurou o perfil do cais como área de comércio e serviços, a vereadora Sofia Cavedon (PT) lembrou que a destinação residencial também foi barrada na área do Estaleiro Só.
– Se foi proibido naquele local, que é uma área privada, não poderia ser permitido em uma área pública – argumentou a vereadora, que acabou revertendo uma tendência inicial da base governista de rejeitar a emenda.
O presidente da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Norton Luiz Lenhart, acreditava que a permissão de moradias ajudaria a manter a vida noturna no local e revitalizar todo o centro histórico.
– Isso garantiria uma maior circulação de pessoas – argumentou.
Outro ponto polêmico foi a altura dos empreendimentos. Pelo projeto original, poderia chegar a cem metros próximo à rodoviária e a 32 metros nas imediações do Gasômetro. Uma emenda tentou reduzir esse índices para 52 metros e 14 metros, respectivamente, mas acabou derrotada. O limite máximo previsto pelo Plano Diretor para a cidade era até então de 52 metros (17 andares).
As discussões sobre o projeto tiveram início pouco depois das 16h, mas o alto número de emendas – 37 – e o intenso debate fizeram com que a sessão se prolongasse até a noite.
O projeto
O QUE FOI GARANTIDO
Confira como ficou o projeto até pouco depois das 21h de ontem, com base nas emendas aprovadas ou rejeitadas até esse horário:
- Destinação da área do cais para atividades de lazer, culturais, gastronomia e comércio
- Destinação de área para hotel ou apart-hotel, como prestação de serviço
- Prédio de até cem metros junto à rodoviária, para uso comercial ou como apart-hotel, e de até 32 metros próximo à Usina do Gasômetro
O QUE FOI MODIFICADO
- Foi proibida qualquer possibilidade de utilização da área para moradia
- Reservou-se espaço no cais para o transporte turístico e de passageiros pelo Guaíba
- O cais deverá contar com paisagismo com vegetação nativa, coleta seletiva e reciclagem de lixo e redução de resíduos sólidos
(Zero Hora, 22/12/2009)