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aumento da temperatura impactos mudança climática
2009-12-22

Conforme dissemos no nosso livro mais recente, "SuperFreakonomics: Global Cooling, Patriotic Prostitutes, and Why Suicide Bombers Should Buy Life Insurance" ("SuperFreakonomics: Resfriamento Global, Prostitutas Patriotas e Por Que os Homens-Bomba Deveriam Fazer Seguro de Vida"), há muita percepção equivocada quanto aos fatos referentes ao aquecimento global.

Faça o seguinte teste para avaliar o seu conhecimento sobre questões científicas, econômicas e tecnológicas ligadas ao assunto. Ele deverá ajudar a esclarecer por que as nossas conclusões diferem daquelas a que chegaram os nossos críticos. Há muita percepção equivocada quanto aos fatos referentes ao aquecimento global. Faça o teste

VERDADEIRO / FALSO: A temperatura da Terra aumentou significativamente no decorrer dos últimos cem anos.

VERDADEIRO / FALSO: Mesmo se nós conseguirmos estabilizar de forma imediata e permanente as nossas emissões de carbono nos níveis atuais - ou mesmo se pudermos reduzir substancialmente essas emissões -, os modelos climáticos preveem que a temperatura da superfície da Terra continuará aumentando durante décadas.

VERDADEIRO / FALSO: Em 1991, a erupção do vulcão Monte Pinatubo, nas Filipinas, lançou milhões de toneladas de dióxido de enxofre na atmosfera terrestre. Os cientistas acreditam que a névoa gerada pela erupção refletiu parte da luz solar, fazendo com que a temperatura da Terra caísse temporariamente.

VERDADEIRO / FALSO: Devido à meia-vida relativamente curta (cerca de um ano) do dióxido de enxofre na atmosfera, os efeitos refrigeradores da erupção do Monte Pinatubo cessaram após alguns anos.

VERDADEIRO / FALSO: Superfícies escuras absorvem mais luz do sol do que superfícies claras, que refletem a luminosidade. Portanto, superfícies claras desaceleram o aquecimento global, já que elas refletem grande parte da luz solar que as atinge, mandando-as de volta ao espaço.

VERDADEIRO / FALSO: As nuvens, que são brancas ou cinzentas, são mais claras do que os oceanos, que são azuis.

Nós acreditamos que a resposta correta para todas essas seis questões seja "verdadeiro". Conforme nós observamos no nosso capítulo sobre aquecimento global, temos a impressão de que os cientistas que estudam o clima não consideram controversa nenhuma das seis declarações científicas acima.

Nós tampouco acreditamos que algum crítico dessas ideias sobre o aquecimento global que nós abordamos em "SuperFreakonomics" contestaria qualquer desses fatos. Para sermos perfeitamente claros, esses seis fatos são fundamentais para a nossa análise da geo-engenharia. Críticos das soluções de geo-engenharia que nós ressaltamos não deveriam nos acusar de apresentar fatos científicos incorretos, a menos que qualquer das seis declarações fosse falsa.

Passemos agora às questões econômicas vinculadas ao aquecimento global, e vejamos onde é que as nossas premissas diferem daquelas dos nossos críticos:

VERDADEIRO / FALSO: Se o aquecimento da Terra provocar uma catástrofe global, isso será um a acontecimento realmente ruim.

VERDADEIRO / FALSO: Mesmo ao se considerar a enorme incerteza quanto à probabilidade de ocorrência de futuros cataclismas, faz sentido investir agora na descoberta de maneiras de evitar tais cataclismas.

VERDADEIRO / FALSO: Os economistas estimam que os custos da redução das emissões de carbono provavelmente superarão US$ 1 trilhão (R$ 1,78 trilhão) anuais.

A resposta correta para todas essas três questões econômicas é "verdadeiro". Esses três fatos econômicos são fundamentais para a nossa argumentação. A primeira questão não exige nenhuma explicação extra. A resposta à segunda questão foi dada por Martin Weitzman, economista da Universidade Harvard, cuja pesquisa foi citada por nós em "SuperFreakonomics". O terceiro fato baseia-se em análises do economista britânico Nicholas Stern: tais estimativas de custos são obviamente altamente especulativas, mas é provável que o verdadeiro custo das emissões de carbono seja o dobro desse número.

É provável que nenhum dos nossos críticos discorde de quaisquer dos fatos acima. De fato, a crítica feita pelo colunista do "New York Times" Paul Krugman centra-se basicamente na premissa errônea de que nós discordamos do fato número dois, algo que não fazemos. De alguma forma, Krugman chegou à conclusão de que nós somos favoráveis à inação. Na verdade, nós acreditamos que é necessária uma ação imediata e agressiva na forma de investimentos em, ou implementação de, soluções baseadas na geo-engenharia. Talvez Krugman não ache que tais medidas se constituem em ações reais.

Talvez os nossos críticos discordem dos fatos tecnológicos que nós citamos. Aqui estão eles:

1. VERDADEIRO / FALSO: Um projeto de engenharia já existente proporciona uma maneira de lançarmos continuamente uma quantidade suficiente de dióxido de enxofre na estratosfera para efetivamente resfriar a Terra. O custo estimado da construção e da implementação desta tecnologia é de algumas centenas de milhões de dólares.

VERDADEIRO / FALSO: Um projeto de engenharia já existente proporciona um meio de aumentarmos a cobertura de nuvens sobre os oceanos. A técnica consistiria em acrescentar a essas nuvens água salgada que seria pulverizada no ar por uma frota de barcos movidos a energia solar. O custo estimado da construção e implementação dessa tecnologia é de algumas centenas de milhões de dólares.

A resposta a essas questões é, novamente, "verdadeira". Conforme descrevemos em "SuperFreakonomics", a companhia Intellectual Ventures, de Seattle, conta com os desenhos técnicos do primeiro projeto, chamado de "stratoshield", bem como do segundo. Os nossos críticos poderiam argumentar que as tecnologias descritas aqui não funcionariam. Mas não há como negar o fato de que a Intellectual Ventures possui os desenhos para tentar construir esses projetos.

Com tudo isso como preâmbulo, vejamos a questão fundamental que nós tentamos responder: se precisarmos esfriar a Terra rapidamente, qual a melhor forma de fazer isso?

A nossa resposta a essa pergunta deriva diretamente dos três conjuntos de fatos apresentados acima. A redução de emissões de carbono não é uma excelente maneira de esfriar a Terra rapidamente por dois motivos. Primeiro, mesmo se reduzíssemos as emissões hoje, a Terra continuaria sofrendo aquecimento durante décadas. Segundo, a redução das emissões de carbono é cara, tendo um custo de pelo menos US$ 1 trilhão por ano, e exige modificações mundiais de comportamento que serão difíceis de se obter.

Nós concluímos que uma abordagem bem melhor seria a da geo-engenharia. A evidência científica sugere que o escudo da estratosfera (stratoshield) ou o aumento da cobertura de nuvens oceânicas teria um impacto grande e imediato no que se refere ao resfriamento da Terra, ao contrário da redução de emissões de carbono. O custo dessas soluções é trivial se comparado ao custo da redução das emissões de carbono - literalmente milhares de vezes mais barato!

Talvez o melhor de tudo é que, se algo sair errado, essas duas soluções e geo-engenharia são completamente reversíveis. Tendo em vista os altos custos de um cataclisma global e o baixo custo das soluções, seria uma loucura não realizar pesquisas em geo-engenharia para que essas soluções fiquem prontas para serem usadas.

Por que, então, as nossas conclusões parecem ser tão radicalmente diferentes daquelas apresentadas pelos nossos críticos? A resposta é: nós estamos respondendo uma pergunta diferente da que é respondida pelos nossos críticos.

A nossa pergunta, conforme observamos acima, diz respeito a encontrar a forma mais barata e rápida de resfriar rapidamente a Terra. Assim como todas as questões que abordamos em "Freakonomics" e " SuperFreakonomics", nós abordamos estes problemas como economistas, usando dados e lógica - e concluímos que a geo-engenharia é a solução. Não é uma coincidência o fato de que quase todo economista submetido à mesma pergunta chegou à mesma conclusão, incluindo Martin Weitzman e os economistas do Consenso de Copenhague.

Mas não é essa a questão que Al Gore e os cientistas climáticos estão tentado responder. O que eles costumam perguntar é, "Qual é a quantidade 'correta' de carbono que pode ser emitida?", ou "Seria moralmente correto por parte da nossa geração emitir carbono na atmosfera quando as futuras gerações é que pagarão o preço?", ou "Quais são as responsabilidades da humanidade para com o planeta?".

Ao contrário da pergunta que estamos fazendo - Como poderíamos resfriar a Terra de forma eficiente e rápida? -, os tipos de questões que os ambientalistas estão tentando responder misturam questões científicas com questões morais e éticas. Mas, em vez de simplesmente esclarecer esse ponto simples - que nós estamos formulando questões diferentes -, os críticos confundiram, intencionalmente ou não, as questões ao apresentarem todos os tipos de argumentos não diretamente pertinentes ao problema.

Eu não quero dar a entender que a questão que nós abordamos no nosso livro seja a mais importante. Pode ser que as questões que os ambientalistas estão formulando sejam mais importantes e interessantes. Mas isso sem dúvida não significa que ninguém deseja conhecer a resposta para a nossa pergunta: uma questão que os ambientalistas muitas vezes não se dão ao trabalho de formular, por estarem concentrados em questões de natureza mais filosófica.

Assim, apesar de toda a gritaria, temos que ser honestos e dizer que simplesmente não entendemos. Não conseguimos entender por que um ambientalista que preocupa-se com o futuro da Terra poderia dizer, com uma expressão séria, que à medida que o debate sobre o aquecimento global se intensifica, a geo-engenharia não merece um lugar à mesa de discussões.

(Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt*, The New York Times, 22/12/2009)

*(Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt são os autores de "Freakonomics: A Rogue Economist Explores the Hidden Side of Everything" (" Freakonomics: Um Economista Renegado Explora o Lado Oculto de Tudo") e de "SuperFreakonomics: Global Cooling, Patriotic Prostitutes, and Why Suicide Bombers Should Buy Life Insurance" ("SuperFreakonomics: Resfriamento Global, Prostitutas Patriotas e Por que os Homens-Bomba Deveriam Fazer Seguro de Vida"). Para ler mais textos de Freakonomics, visite o website www.freakonomics.com).


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