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eucalipto no pampa guerra das papeleiras passivos da silvicultura
2009-12-21

A farsa das monoculturas de eucalipto foi debatida na última quinta-feira, em Porto Alegre, no Plenarinho da Assembleia Legislativa, com a presença de mais de 70 pessoas, entre estudantes, pesquisadores, ambientalistas e interessados na conservação do Bioma Pampa, ameaçado pelas chamadas papeleiras. Participaram o jornalista uruguaio Victor Bacchetta e o professor do Departamento de Ecologia da Ufrgs, Valério Pillar. Na tarde desta sexta-feira, 18, Bacchetta lança e autografa a versão traduzida de seu livro A Fraude da Celulose. O lançamento será às 18h30, na Livraria Palmarinca (rua Jerônimo Coelho, 281).

O jornalista uruguaio falou sobre Impactos do modelo florestal-celulósico no Bioma Pampa, ecossistema comum à Argentina e ao Brasil. "A mentira da demanda de papel serve pra justificar a tão proclamada expansão do mercado", afirma Bacchetta, ao enumerar que a necessidade básica de papel por pessoa/ano é de 40 quilos de papel. "Produzimos para atender o mercado francês, que consome quase 200 quilos/pessoa/ano, dos norte-americanos, quase 300 quilos de papel/pessoa/ano, e da Finlândia, que consome mais de 300 quilos de papel por pessoa/ano", calcula, ao comparar ser um consumo supérfluo, pelo descarte e pelo desmatamento de áreas.

As plantações de eucalipto no Uruguai iniciaram nos anos 80, quando foi implantada uma nova lei florestal. Começou com 50 mil hectares em 1987 e, em 10 anos, chegou a quase 1 milhão de hectares, o que representa 25% da área produtiva do país. "Imagina o que isso representaria para o Brasil", lança Bacchetta. Ele também observou que "cada árvore consome de 30 para mais litros de água". Naquele país, a densidade dos plantios chega a 1.100 árvores por hectare. "É impossível consorciar com criações ou outras plantações".

O valor das terras uruguaias também foi apresentado por Bacchetta. "Nos últimos 15 anos, o preço da terra triplicou ou, conforme a região, até quadruplicou", disse, ao afirmar que "há uma concentração de terras como nunca se viu", lamentou. "Duas empresas associadas possuem mais de 250 mil hectares no Uruguai. Este é o maior latifúndio da história do país".

Bacchetta lembra que a partir de 2002, através de uma reconhecida revista cinetífica, começaram a aparecer estudos que comprovam os impactos sociais e ambientais das monoculturas de eucaliptos. "O solo fica impermeabilizado e sem capacidade de drenar a água da chuva, que escorre pela superfície. Há contaminação do solo e da água por agrotóxicos. Ocorre também a disseminação de pragas e predadores, como o javali, além de impactos sobre as paisagens. Isso sem falar no impacto social e cultural das comunidades", analisa, ao reafirmar que "os efeitos são irreversíveis".

O jornalista apresentou uma reportagem publicada no jornal espanhol El Pais, de 6 de dezembro deste ano, que anuncia um estudo feito pelo Banco del Previsión Social de que, nos últimos cinco anos, 3.254 empreendimentos rurais familiares desapareceram. "Imagina para onde se deslocaram todas essas famílias de agricultores", destaca.

Campos gaúchos
Os impactos sobre o ecossistema campo foi analisado pelo professor Valério Pillar, que palestrou sobre A falácia do "reflorestamento" dos campos. Ele afirmou que a silvicultura no RS tem priorizado regiões de campos "e não está buscando áreas originariamente florestais, mais protegidas por lei".

Para Pillar, a pecuária, realizada há três séculos no Estado, é a atividade econômica mais compatível com a conservação dos campos, cujos últimos remanescentes estão sendo transformados com a introdução da silvicultura, cuja lógica é a da monocultura.

"Aqui no RS, as empresas estão usando as mesmas técnicas de convencimento utilizadas no Uruguai, mas não há lógica sem sentido plantar árvores exóticas em ambientes que nunca foram de florestas", observa Pillar.

Na Finlândia, país de grandes empresas de celulose, as plantações de eucalipto demoram 80 anos para crescer. Aqui, no Sul da América, menos de 10 anos. Lá, o eucalipto e a acácia são árvores nativas e o governo não aceita a introdução de exóticas. "Por que não seguimos esses exemplos, ao invés de mantermos a pretensão de copiarmos modelos de desenvolvimento que não se adequam a nossa realidade", questionam os palestrantes.

(Por Adriane Bertoglio Rodrigues, Agapan, 20/12/2009)


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