Chefes de Estado de China, Estados Unidos, Índia e África do Sul chegaram a um acordo "significativo" durante a reunião que encerrou ontem a COP 15, a conferência promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Copenhague, na Dinamarca, informou ontem a Casa Branca. Embora nem todos os países tenham ficado inteiramente satisfeitos com essa conclusão parcial, o resultado marca ao menos um avanço no que diz respeito aos perigos do aquecimento global, apesar de os detalhes não terem sido divulgados.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ontem que a conferência teve progresso, mesmo que o resultado das negociações não seja uma obrigação legal e que não seja suficiente para alcançar as metas de aquecimento global até 2050. Ainda assim, ele classificou o acordo como um "avanço significativo e sem precedentes".
Obama disse que o pacto alcançado entre seu país e a China, Índia e a África do Sul vai proporcionar 30 bilhões de dólares ao longo dos próximos três anos aos países pobres para combater a mudança climática. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com 3,6 bilhões no período de três anos, de 2010 até 2012. No mesmo período, o Japão deve contribuir com 11 bilhões e, a União Europeia, com 10,6 bilhões. O chefe da delegação da China disse que o acordo conjunto fez do encontro de cúpula um sucesso. Xie Zhenhua, que também é vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, afirmou que o primeiro-ministro Wen Jiabao também está feliz com o acordo. Não está claro se a União Europeia, a Rússia e o Japão irão aderir ao acordo parcial dos EUA com as quatro nações emergentes.
Segundo informações de algumas agências internacionais, o Brasil está no acordo, mas isso não foi confirmado oficialmente pelo governo brasileiro. A saída antecipada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Dinamarca não deixou claro se o Brasil aceitou os termos propostos.
Segundo documento divulgado à imprensa internacional, estava estipulada a redução de gases-estufa em 80% para os países ricos e em 50% para as demais nações até 2050. Se for aceita, a nova proposta considera a meta a partir dos níveis estabelecidos em 1990. O que ainda está indefinida é a meta para 2020.
Mas houve quem não ficou tão contente. O embaixador brasileiro para questões climáticas, Sérgio Serram, disse que o acordo fechado entre alguns países ficou "abaixo do esperado" porque muitos temas ficaram em aberto e serão decididos apenas em 2010. Já o diretor do Greenpeace na Grã-Bretanha, John Sauven, disse que "há poucos políticos nesse mundo capazes de olhar além dos horizontes de seus próprios interesses". O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que uma nova conferência será realizada na Alemanha em seis meses
(Correio do Povo, 19/12/2009)