Após muita luta e cansaço, os camponeses que mantiveram interditados por nove dias o Terminal Norte Capixaba (TNC) e as unidades “SM-8” e “FAL”, da Petrobras, localizados no litoral de São Mateus, norte do Estado, finalmente obtiveram uma resposta positiva sobre as principais questões que impactam os moradores da região, em decorrência das atividades da empresa. Os compromissos foram relatados em documento oficial, e os bloqueios liberados pelos manifestantes, às 12h desta quinta-feira (17/12).
O fim do protesto se deu depois de uma reunião realizada pela manhã, com a participação de uma comissão de 12 representantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e moradores, e ainda do Departamento de gerente da Petrobras no Estado, Luiz Robério Silva Ramos; do secretário de Estado de Governo, José Eduardo Faria de Azevedo; do prefeito de São Mateus, Amadeu Boroto (PSB), e ainda dos deputados estaduais Paulo Roberto Ferreira (PMN) e Eustáquio de Freitas (PSB), e do presidente da Câmara Municipal, vereador Jailson Barbosa (PSB).
No encontro, foram apontadas denúncias sobre todos os prejuízos sociais e ambientais causados à região. Tanto a empresa quanto o governo do Estado se comprometeram a, até meados do próximo ano - no máximo -, a realizar a obra do asfaltamento da rodovia que liga São Mateus a Barra Nova. Já em relação aos outros problemas, entre eles a péssima qualidade da água fornecida no município e os inúmeros impactos ambientais causados na região, a empresa garantiu criar uma agenda com a comunidade, para debater todos os pontos, no sentido de providenciar soluções.
A comissão exigiu, ainda, que a Petrobras tenha no norte do Estado gerentes com capacidade de dialogar e sensibilidade para entender a demanda dos moradores. “Os funcionários da empresa que atuam na região agem de forma truculenta e nunca facilitaram a relação com a comunidade. Entendemos que esse tipo de relação é uma característica da Petrobras e não das pessoas”, ressaltou Valmir Noventa, da coordenação estadual do MPA.
Segundo ele, o Movimento dos Pequenos Agricultores e os moradores vão ficar em alerta e vigilantes durante esse período estipulado pela empresa e pelo governo do Estado, acompanhando todas as fases do desenrolar das questões, para ver se estão dentro da normalidade e se, de fato, serão concretizadas. “Não queremos mais ser enganados. Caso a Petrobras comece a dificultar o diálogo, vamos estudar novas maneiras de restabelecer nossa luta”, garantiu Valmir.
Para ele, esse acordo não neutraliza, de forma alguma, a comunidade de realizar outros movimentos na região. “Não se trata disso. A pauta do protesto engloba reivindicações históricas. Continuaremos a denunciar e exigir da empresa que cumpra sua responsabilidade social e ambiental”, pontuou.
A manifestação realizada por 600 camponeses começou na madrugada da última quarta-feira (09), com a paralisação total dos três terminais da Petrobras e de estradas próximas. Durante esse período, entre 800 e mil funcionários da empresa ficaram parados.
(Por Manaira Medeiros, Século Diário, 17/12/2009)