Separação de resíduos, que antes era feita por empresa terceirizada em alguns bairros, atingirá toda a cidade em 2010
A partir do final de janeiro, catadores associados às quatro unidades de triagem de Canoas assumirão a coleta seletiva do município. Cada galpão ficará responsável pelo recolhimento de resíduos sólidos de um quadrante (conjunto de bairros próximos) da cidade. Até o final deste mês, a prefeitura assinará um contrato com as associações. De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, Celso Barônio, hoje, o serviço é realizado em 80% da cidade. Com a mudança, todos os bairros serão atendidos.
Segundo Barônio, Canoas seria a única cidade gaúcha a implantar um sistema com formato empresarial para a coleta seletiva. Os catadores decidirão como farão o recolhimento e a venda dos produtos arrecadados.
– Parte da coleta de São Leopoldo é feita por catadores no sistema porta a porta. O mesmo é feito em Santa Cruz do Sul. Em Canoas, a prefeitura fará a gestão do sistema, mas as associações decidirão a execução – explica.
Com a medida, pretende-se aumentar o volume de arrecadação de materiais recicláveis, de 3% para 10% num prazo de 24 meses. Atualmente, a coleta seletiva é feita pela empresa Vega, que também responde pelo lixo orgânico e pela limpeza urbana. Conforme a lei de licitações, esse processo de contratação não é necessário para a coleta seletiva.
Na semana que vem todas as associações serão regularizadas com a licença ambiental. A próxima etapa será a elaboração do plano estratégico, incluindo a logística do processo, datas das coletas, contratação de motoristas, veículos, entre outros.
Estão previstas campanhas de conscientização sobre a importância da coleta seletiva. Cada uma das quatro unidades disponibilizará uma equipe que, três vezes por semana, fará uma ação porta a porta, conversando com a comunidade. O secretário acredita que haverá um engajamento maior da população, tendo em vista que o material será entregue diretamente para o catador:
– Os moradores perceberão a importância social da separação, que beneficiará os trabalhadores.
A coordenadora da Associação de Recicladores Amigas Solidárias (Arlas), no Guajuviras, Beatriz Aguiar da Silva, destaca que a experiência no recebimento de resíduos permite um conhecimento sobre a qualidade do lixo de cada bairro.
– Sabemos quais chegam muito sujos e quais são os mais separados. A constatação é importante para o planejamento da nossa nova atuação – observa.
Adriana Janaína Linhares, que coordena uma equipe de 21 pessoas na Associação Renascer, também localizada no bairro Guajuviras, observa que esse será um grande desafio.
– Temos, há quatro anos, um caminhão cedido pela prefeitura, e com ele já realizamos coletas, em empresas e condomínios residenciais, mas agora a coisa é diferente. Cumpriremos horários. Teremos que pensar como uma empresa e precisamos gerenciá-la – afirma.
(Por Sabrina Corrêa, Zero Hora, 18/12/2009)