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2009-12-18

O dia desta quinta (17/12) foi marcado pelos discursos de boa parte das dezenas de presidentes que estão aqui em Copenhagen por causa da CoP15. Os que mais chamaram a atenção da mídia e observadores que estão aqui no Bella Center foram de Lula e Sarkozy.  Um representa naturalmente o G77, o grupo dos países em desenvolvimento. Outro, a União Européia. E ambos foram enfáticos na cobrança por um resultado real e efetivo desta conferência.

Sarkozy foi mais explícito sobre os motivos do puxão de orelhas: a opinião pública está de olho e não aceitará que se saia daqui com as mãos abanando. Para quem teve a honra de coordenar a campanha TicTac no Brasil, foi muito gratificante ouvir estas palavras do presidente da França. Elas reforçam nossa convicção de que somente pela mobilização pacífica e organizada da sociedade civil é que conseguiremos exercer de fato a democracia, levando adiante os pleitos e opiniões dos cidadãos que, infelizmente, acabam muitas vezes se perdendo no exercício da legislatura oficial.

E ao lembrar das expectativas de milhões de pessoas ao redor do planeta, Sarkozy perguntou: quem terá coragem de vir aqui e dizer que não é necessário que a temperatura não suba mais que dois graus?  Quem terá coragem de dizer que não é necessário financiamento para que isso ocorra? Como é dito na música Beds are Burning, do Midnight Oil (tema da campanha TicTac), o aquecimento global esta aí e é hora de agir! E embora o nome não tenha sido citado, Obama era claramente o destinatário desta mensagem – em uma enfática reação às declarações, feitas na parte da manhã, por Hillary Clinton.

O discurso do presidente Lula também trouxe respostas à Hillary.  A mais contundente delas: não precisamos do seu dinheiro, mas tem países que precisam, sim, e não podem ser ignorados. Sem se apresentar como porta-voz do G77, Lula portou-se como tal e defendeu as nações insulares representadas no grupo AOSIS e os países africanos: “não é justo que os primeiros a sofrer com as mudanças climáticas sejam quem nada fez para causar o problema”.

Face às suspeitas que pesam sobre a transparência e legitimidade da CoP15, Lula fez-se voz de todos nós ao declarar: “Esta conferência não é um jogo onde se pode esconder cartas na manga. Se ficarmos esperando, todos seremos perdedores”.

A força das declarações de Lula (além do fato de que, ao contrário do que sempre faz, desta vez ele leu o discurso do começo ao final) indica que o happy hour terminou, a conta chegou na mesa e todos discutem sobre como dividi-la. E diante da negativa dos EUA sobre contribuir com o pagamento, todos se aproveitam da ausência do Obama para marcar posições positivas e repassar o ônus do fracasso para ele.

Ou seja, hoje ficou claro que os países aqui presentes já acharam um bode expiatório, caso a conferência fracasse: os Estados Unidos. Se isso efetivamente acontecer, será mais um fracasso da diplomacia americana, já enroscada com Afeganistão, Guantánamo e tantas outras promessas de campanha não cumpridas.

Nos corredores da CoP, ainda persiste o temor de que os presidentes – que se reunirão todos agora à noite em um jantar oferecido pela Rainha da Dinamarca – acabem fechando um acordo político desvinculado dos trabalhos conduzidos nas últimas duas semanas aqui no Bella Center.  Graças à pressão da sociedade, parece não haver espaço para um documento que não traga pelo menos metas e recursos que já permitam o início da ação prática e que permita a confecção de um texto legalmente vinculante no futuro.

O Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, chefe da delegação brasileira, acabou de explicar, durante a coletiva de imprensa do Brasil aqui na CoP15, os grupos de trabalho foram retomados em cima dos textos elaborados pelo AWG-LCA e AWG-KP – indicando que pelo menos oficialmente o texto dinamarquês é carta fora do baralho.  Segundo ele, os negociadores virarão a noite para chegar a um texto final, com o apoio dos líderes que, nas palavras de Figueiredo, “estão aqui para ajudar”. 

E provavelmente será apenas um texto: segundo Figueiredo, os anfitriões dinamarqueses gostariam de ter não dois, mas um único documento, que possa ser chamado de compromisso de Copenhagen, protocolo de Copenhagen ou qualquer coisa semelhante. Certamente a preocupação com o nome é grande por parte dos organizadores.  Afinal, isso faz parte do embelezamento do resultado.  Mas o que vai fazer a diferença mesmo será o conteúdo.

E neste ponto, mesmo após a crise financeira, mesmo após a ascensão da China e a conseqüente alteração na geopolítica mundial, ainda continuamos na dependência dos EUA.

(Vitae Civilis, 17/12/2009)


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