Representantes de várias ONGs internacionais afirmaram que as negociações na Cúpula das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, estão em "crise" e que só um esforço dos líderes de Estado e de governo nos próximos dois dias pode salvá-las.
Os países em desenvolvimento não aceitarão um acordo "fraco". Eles consideram necessário concretizar compromissos sobre reduções das emissões de gases de efeito estufa e, sobretudo, sobre o financiamento para as ações de mitigação e adaptação dos países pobres, afirmaram representantes de várias ONGs, em entrevista coletiva.
"Estas conversas fracassarão a não ser que os países ricos proporcionem o dinheiro que prometeram há dois anos para ajudar os países pobres a reduzirem suas emissões e se adaptarem a um clima em transformação. Eles estão prontos para cumprir sua parte do acordo, agora os ricos devem mostrar sua vontade de fazer o mesmo", disse Jeremy Hobbs, diretor executivo da Oxfam International.
Hobbs criticou a "conjuração' dos países em desenvolvimento para oferecer a 'ilusão de ação' em um texto sem substância e disse que os países pobres já asseguraram que não assinarão um acordo 'suicida'.
O problema não é a falta de ideias ou de conversas, já que os elementos para cumprir com essas condições e evitar o "desastre estão sobre a mesa", declarou Hobbs. O diretor-geral do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), Jim Leape, culpou os Estados Unidos de se envolverem em detalhes concretos que provocaram a paralisação das negociações.
"Necessitamos outra atitude dos EUA. Se continuarem como estiveram até agora, acabarão com as negociações", disse Leape, que espera que a chegada na noite desta quarta-feira a Copenhague da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, contribua para dar uma reviravolta no processo.
Leape responsabilizou também a China pela situação crítica do processo e pediu aos representantes do país que assumam um papel protagonista.
Kumi Naidoo, principal responsável pelo Greenpeace, ressaltou a importância do financiamento aos países pobres e disse que, se esse aspecto não for solucionado, as negociações serão quebradas.
(Folha Online / AmbienteBrasil, 17/12/2009)