Uma apresentação feita pela Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Rondônia, criada para investigar as obras das usinas do rio Madeira (RO), impressionou os deputados estaduais. As fotos mostram o estrago que a usina de Jirau vem causando ao meio ambiente.
As imagens foram apresentadas pela ambientalista e pesquisadora da área de energia Telma Monteiro, representante da Kanindé. A associação foi convidada pela CPI a prestar informações e apresentar documentos que comprovem a existência de irregularidades no processo de licenciamento das usinas do Madeira e impactos sociais e ambientais causados pelas obras.
"As imagens das obras de Jirau mostram claramente os danos que o empreendimento tem causado. As últimas fotos são avassaladoras, e os deputados ficaram mudos ao ver o estrago", explica Telma. A pesquisadora também apresentou estudos e respondeu perguntas dos deputados. "Nós trouxemos muitas informações e documentos que os deputados desconheciam, como as fichas de resumo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sobre as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que mostram custos ambientais no valor de R$ 1,2 bilhão para cada usina. Os deputados quase caíram da cadeira quando viram essas cifras", explica Telma.
A ambientalista cobrou da CPI que peça explicações aos consórcios responsáveis pelas obras sobre os custos ambientais do projeto, já que a Aneel aprovou esse documento, assim como os estudos de viabilidade da usina, sem que fossem explicados os critérios utilizados para se chegar a esse valor.
A pesquisadora também denunciou problemas envolvendo a contaminação do rio por mercúrio, o aumento da malária e a mortandade de peixes, além de impactos sociais, envolvendo índios e ribeirinhos. "As usinas têm causado violações dos direitos humanos, dano às terras indígenas e principalmente a tribos de índios isolados".
A equipe da Kanindé participou de uma operação junto com a Fundação Nacional do Índio (Funai), que fez o levantamento de índios isolados existentes nas unidades de conservação Mujica Nava, Serra dos Três Irmãos e Mapinguari. Lá, encontraram vestígios da presença de indígenas isolados. Oito índios- seis homens e duas mulheres-foram vistos por garimpeiros que estão invadindo a região.
Veja a sequência de fotos do dano ambiental causado por Jirau aqui.
(Por Bruno Calixto, Amazonia.org.br, 16/12/2009)