O protesto de 600 camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) nos terminais da Petrobras, em São Mateus (norte do Estado), foi intensificado nesta quarta-feira (16/12), com bloqueio dos acessos a estradas menos importantes da região, por onde a empresa ainda circulava. Os manifestantes informaram que irão aguardar até a manhã desta quinta-feira (17) para que a estatal ofereça um posicionamento satisfatório à pauta de reivindicação. Caso contrário, novas estratégias serão definidas.
As novas medidas se somam à paralisação das atividades do Terminal Norte Capixaba (TNC) e das unidades “SM-8” e “FAL”. As entradas de veículos da Petrobras e de suas terceirizadas, e de empresas de turismo, continuam interditadas, e assim como não chega petróleo ao Estado, a produção também não é enviada às refinarias. A previsão é de que entre 800 e mil funcionários estejam parados.
“Enquanto a situação não for resolvida, está descartado o fim da mobilização”, ressaltou Valmir Noventa, da coordenação estadual do MPA. Os camponeses esperam, porém, que até o final da tarde desta quarta-feira (16) a empresa apresente alguma solução.
Isso porque o gerente geral da empresa no Espírito Santo, Luiz Robério Silva Ramos, que esteve no Rio de Janeiro apresentando os pontos reclamados, teria recebido sinal verde em relação à pauta, como afirmou Valmir. O assunto é tema de encontro entre Robério e o governador do Estado, Paulo Hartung (PMDB), ainda nesta quarta, em Vitória.
O protesto, que completou oito dias, cobra providências em relação aos impactos sociais, econômicos e ambientais causados pela Petrobras na região. Mas se concentra em três pontos prioritários, nos quais os camponeses não aceitam qualquer outra medida que não seja a solução definitiva.
São eles: o asfaltamento da rodovia que liga São Mateus a Barra Nova, que se encontra em péssimo estado de conservação, em decorrência do transporte de carretas que atendem à empresa; melhoria na qualidade da água fornecida no município, e minimização dos impactos ambientais, que têm prejudicado o sustento das famílias da região, cujas atividades se concentram, principalmente, na cata do carangueijo e na pesca.
Os moradores não têm como escoar as produções agrícola, pecuária e leiteira, e convivem com a constante falta de água no município. Além disso, somam os danos causados pela contaminação dos recursos hídricos por um produto químico utilizado pela empresa, conhecido como “Lama”, e pelos vazamentos de óleo registrados na região, com a subsidiária da Petrobras, a Transpetro, intensificados nos últimos meses.
Os problemas são antigos, portanto, de conhecimento não só da Petrobras, mas também do governo do Estado e da prefeitura do município. Outros dois protestos reivindicando os mesmos pontos já foram realizados pelo MPA em São Mateus, sem providências. Os camponeses afirmam que as propostas ficam apenas na promessa, e predomina o jogo de empurra. Eles se mantêm nos locais da manifestação com a ajuda de moradores e agricultores.
(Por Manaira Medeiros, Século Diário, 17/12/2009)