Empresários da indústria de fibrocimento, que produzem materiais como telhas e caixas-d'água, estão tentando impedir a aprovação do projeto de lei 917, que pode alterar a atual proibição do uso do amianto no Estado de São Paulo.
A Abifibro - que reúne indústrias e distribuidores de produtos de fibrocimento - já enviou a todos os deputados do Estado trabalhos elaborados pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo e pelo Banco Mundial que apontam riscos do uso do amianto na fabricação de fibras e seu potencial cancerígeno. O amianto já foi banido por uma lista de cerca de 50 países da qual o Brasil não participa, mas São Paulo tem legislação própria que impede o uso.
"Esse projeto não tem sentido, pois, na verdade, ele quer acabar com a eficácia da lei paulista e dar continuidade ao uso do amianto. A indústria já tem tecnologia e está adaptada para produzir fibras alternativas", diz João Carlos Duarte Paes, presidente da Abifibro. Brasilit, CSN e Braskem são alguns associados da entidade. O deputado Waldir Agnello (PTB-SP), autor do projeto, não respondeu às ligações da Folha até o fechamento desta edição.
Ainda há três fabricantes que utilizam amianto no Estado por meio de liminar. Um deles, a Confibra, que espera que o projeto seja votado antes do fim deste ano, afirma que o custo das fibras alternativas pode encarecer o produto final em 40%. "O nosso público-alvo é a baixa renda", diz Franklin Fioroti, gestor de segurança do trabalho da Confibra.
A Secretaria da Saúde paulista realizou neste mês uma operação em lojas de material de construção suspeitas de comercializar produtos com amianto. Dos 79 estabelecimentos inspecionados, 54 vendiam materiais à base do produto. As mercadorias foram interditadas, e a venda, suspensa.
(Por Maria Cristina Frias, Folha de S. Paulo / IHUnisinos, 11/12/2009)