O presidente da Fibria, Carlos Aguiar, assegurou ontem que a companhia manterá o projeto Losango, que prevê a instalação de uma unidade de produção de celulose na Metade Sul do Estado. A largada começa com um investimento de R$ 40 milhões na sua base florestal gaúcha em 2010.
Os recursos serão aplicados na aquisição de terras e na manutenção das florestas em crescimento. A Fibria (empresa oriunda da fusão da VCP com a Aracruz) possui no Rio Grande do Sul em torno de 60 mil hectares plantados e deve acrescentar de 8 mil a 10 mil hectares no próximo ano. Para abastecer uma futura planta de celulose serão necessários em torno de 125 mil hectares.
O projeto Losango, como um todo, prevê investimento de US$ 1,3 bilhão no Estado na plantação de eucaliptos e em uma fábrica com capacidade para produzir 1 milhão de toneladas ao ano de celulose. Essa unidade deverá ser instalada no município de Rio Grande ou em Arroio Grande. No entanto, esse empreendimento ainda levará alguns tempo para sair do papel. Isso porque, destaca Aguiar, o projeto de ampliação da CMPC Celulose Riograndense em Guaíba deverá ser concluído antes.
"Não faz sentido duas fábricas entrarem em operação ao mesmo tempo", argumenta o dirigente. Conforme o presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, no momento, a finalização da expansão da planta de Guaíba é prevista para 2015. Se a CMPC resolver antecipar essa meta, precisará pagar US$ 250 milhões para a própria Fibria, de quem adquiriu o ativo.
Aguiar calcula que a base florestal da Fibria no Estado atingirá o tamanho adequado para atender a uma fábrica em dez anos. O dirigente adianta que a partir de 2011 é provável que a empresa já possua, no Rio Grande do Sul, alguma quantidade de madeira pronta para a venda. Enquanto a fábrica não estiver operando, a companhia estuda outros possíveis destinos para o insumo como geração de energia, exportação de cavacos ou de madeira.
Celulose Riograndense confirma ampliação em Guaíba
Além da Fibria, a CMPC Celulose Riograndense pretende manter seu investimento do Rio Grande do Sul que tem como foco a ampliação da unidade de celulose de Guaíba, projeto anteriormente conduzido pela Aracruz. O presidente da CMPC Celulose Riograndense, Walter Lídio Nunes, recebeu ontem da governadora Yeda Crusius, no Palácio Piratini, a confirmação de que os incentivos concedidos à antiga proprietária do projeto serão repassados à companhia chilena.
A ideia é manter os planos originais de expansão da unidade, objetivo que deve absorver cerca de US$ 3 bilhões. Contudo, Nunes comenta que esse valor pode ser reduzido em função da queda do preço de insumos como aço, cobre, entre outros. Com a ampliação, a planta passará de uma capacidade de produção de celulose de 450 mil toneladas ao ano para cerca de 1,8 milhão de toneladas anuais. A iniciativa contempla ainda o incremento de base florestal e a implantação de um sistema logístico hidroviário. Nunes argumenta que a continuidade do projeto dependia do acordo feito com o governo do Estado que, além de incentivos fiscais, prevê melhorias em estradas próximas à planta de Guaíba, que hoje não são pavimentadas.
O secretário da Fazenda, Ricardo Englert, explica que haverá um diferimento de ICMS, na ordem de 12%, na compra de equipamentos empregados na instalação do parque industrial. O presidente da Celulose Riograndense adianta que a partir de janeiro a companhia retomará os plantios florestais para atender ao aumento da demanda de matéria-prima, que será gerado com o projeto de expansão. Ele destaca que foram criados cerca de 200 empregos, em Barra do Ribeiro, com a reativação do viveiro que estava paralisado desde setembro de 2008. Já na base florestal, deverão ser gerados mais cerca de 1 mil empregos durante 2010.
Entre as ações que a CMPC projeta para o próximo ano estão ainda a produção de mudas e a implantação de 15 mil hectares novos de florestas (que deve absorver cerca de US$ 30 milhões) e a recuperação de 18 mil hectares já implantados (mais US$ 20 milhões). Outros R$ 30 milhões serão empregados em obras viárias em Guaíba.
A companhia possui 100 mil hectares plantados no Estado e mais 40 mil deverão ser agregados. Na terça-feira, a CMPC efetuou o pagamento de US$ 1,3 bilhão à Fibria referentes à compra da unidade Guaíba. O pagamento do saldo final, no valor de U$ 130 milhões, ocorrerá no prazo de até 45 dias. Na terça-feira também, Walter Lídio Nunes assumiu oficialmente como presidente da Celulose Riograndense.
Nova diretoria da Ageflor toma posse
A Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor) realiza hoje a cerimônia oficial de posse da nova diretoria e dos conselhos deliberativo, fiscal e consultivo para a gestão 2010/2011. Leonel de Freitas Menezes, diretor da International Business In Eucalyptus (IBE), presidirá a associação nos próximos dois anos em substituição a Roque Justen. O jantar da solenidade será realizado no Salão Panorâmico da Sogipa, em Porto Alegre.
Graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria e mestre em Engenharia de Produção, Menezes já integrava a atual diretoria da Ageflor, como vice-presidente de Mercado e Certificação. Também foi vice-presidente da Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais (Agef) e secretário da ONG Amigos da Floresta.
A Ageflor foi fundada em 22 de setembro de 1970 com o objetivo de congregar e representar as empresas que tenham por finalidade a produção, a industrialização e a comercialização de produtos de base florestal oriundos de florestas plantadas. Hoje, entre seus associados, reúne mais de 50 empresas que atuam em diferentes segmentos da cadeia florestal, destacando-se florestamento e reflorestamento, produção de madeira serrada, chapas (MDP e MDF), compensados, aglomerados, laminados, celulose e papel, entre outros.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 17/12/2009)