Um dia após concluir a operação de compra do complexo industrial da Fibria em Guaíba, a empresa chilena Compañia Manufacturera de Papeles y Cartones (CMPC) anunciou que dará continuidade aos planos de expansão projetados pela antiga Aracruz. No Palácio Piratini, a governadora Yeda Crusius e os executivos da multinacional firmaram ontem protocolo de intenção para a ampliação da produção de celulose. Com investimentos previstos em torno de 3 bilhões de dólares, até 2015, a meta é passar das atuais 450 mil toneladas ao ano para 1,3 milhão.
A empresa chilena chega em solo gaúcho com o nome Celulose Riograndense, sendo o maior investimento da CMPC fora do Chile. Além da planta de celulose, as negociações envolveram uma fábrica de papel e áreas rurais com cerca de 212 mil hectares. O presidente do complexo industrial gaúcho, Walter Lídio Nunes, afirmou que a partir de janeiro a empresa retomará os plantios de árvores no Rio Grande do Sul - paralisados desde setembro de 2008. Conforme o executivo, o viveiro de mudas de eucalipto no município de Barra do Ribeiro já está sendo reativado, com a seleção de 200 trabalhadores. "A base florestal irá gerar mais mil empregos indiretos em 2010", acrescentou Nunes. No total, a previsão é de que sejam gerados mais quatro mil vagas até a conclusão do projeto, entre 2014 e 2015. "Esse prazo poderá ser encurtado, conforme variação do mercado mundial", ponderou.
O processo de expansão inclui também a recuperação de 18 mil hectares de florestas, execução de obras viárias e continuidade nos processos de licenciamento para criação de portos próprios em Rio Pardo e em São José do Norte. Neste ponto, entram os incentivos do governo do Estado, com aporte em questões de logística e isenção de ICMS na compra de maquinários. "Mantivemos o mesmo acordo que tínhamos com a Aracruz, envolvendo infraestrutura rodoviária e fluvial, além de incentivos fiscais", apontou o secretário estadual da Fazenda, Ricardo Englert.
A compra da planta de Guaíba foi efetivada na terça-feira, com o pagamento da primeira parcela no valor de R$ 1,3 bilhão. O saldo final, de R$ 130 milhões, será pago em 45 dias. Operando com 100% da capacidade, a unidade produz hoje 450 mil toneladas de celulose, gerando 60 mil toneladas de papel para o mercado interno e o restante para exportação.
OS PASSOS DA CELULOSE RIOGRANDENSE
A empresa chilena CMPC comprou a unidade de Guaíba da Fíbria, resultante da união entre a Aracruz e a Votorantim Celulose e Papel
Até 2015, a meta é investir 3 bilhões de dólares para triplicar a produção de celulose, atualmente calculada em 450 mil toneladas por ano
Com a retomada dos investimentos, serão geradas mil vagas de trabalho em 2010
Até o ano de 2015, o projeto de expansão deve gerar outros quatro mil empregos
(Correio do Povo, 17/12/2009)