Enquanto chefes de Estado discutem os rumos do acordo, cobranças se intensificam em Copenhague
Após dois anos de discussões, a Conferência do Clima da ONU entra hoje em seu momento mais crítico. A 48 horas da entrada em cena de cerca de cem chefes de Estado e de governo, ministros devem varar a madrugada em busca das respostas que o mundo aguarda: a fixação de metas para a redução das emissões de CO2 e a definição do financiamento para países em desenvolvimento.
A atmosfera de expectativa em torno da maior conferência diplomática da história subiu ontem, conforme a abertura oficial da reunião de ministros, chamada de segmento de alto nível, aproxima-se. Enquanto personalidades como o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertavam para a oportunidade de "mudar os rumos da história", as consultas diplomáticas se multiplicavam.
Fora da COP-15, Barack Obama (EUA), Nicolas Sarkozy (França), Gordon Brown (Inglaterra) e Angela Merkel (Alemanha) discutiram em videoconferência de 50 minutos os rumos do acordo. Em Paris, os chefes de Estado da França e da Etiópia anunciaram uma concertação entre a União Europeia e a Africana em torno de propostas comuns - o que pode garantir a sobrevivência de Kyoto, condição do G77, grupo do qual o Brasil faz parte.
Em Copenhague as cobranças se intensificaram. Todd Stern, enviado especial da Casa Branca, repetiu que a proposta dos EUA, de reduzir em 4% suas emissões de gases-estufa em relação a 1990, é melhor do que a da UE, que propõe redução de até 30% no mesmo período, se outro ano base for usado (2005). O príncipe Charles, convidado para a cerimônia de abertura do segmento ministerial, destacou o papel das florestas tropicais nas ações de combate ao aquecimento. Para ele, se não houver proteção das florestas, não há solução para o clima.
(Por Afra Balazina e Andrei Netto, O Estado de S. Paulo, 16/12/2009)