Santa Catarina não teve sucesso no primeiro leilão para compra de energia eólica pelo governo federal. Dos 339 projetos habilitados tecnicamente, apenas dois eram para parques em terras catarinenses e nenhum foi contratado. As propostas apresentadas envolviam empreendimentos em oito estados. Dos 71 projetos que foram contratados, a maior fatia está no Rio Grande do Norte (23). Bahia (18), Ceará (21), Rio Grande do Sul (oito) e Sergipe (um) foram os demais contemplados. Espírito Santo e Piauí também ficaram de fora.
O leilão resultou na contratação de 1.805,7 MW (megawatts), a um preço médio de venda de R$ 148,39/MWh. Juntos, os 339 empreendimentos propostos apresentavam capacidade instalada de 10.005 MW, o que corresponde a mais de dois terços de Itaipu ou uma vez e meia o complexo hidrelétrico do Rio Madeira.
A compra foi realizada na modalidade de reserva, que se caracteriza pela contratação de um volume de energia além do que seria necessário atualmente para atender à demanda do mercado total do país. As empresas vencedoras assinarão contratos de compra e venda de energia com 20 anos de duração, válidos a partir de 1º de julho de 2012.
Os dois projetos de Santa Catarina somavam capacidade de 75 MW – 0,8% do total oferecido pelos participantes do leilão nacional. O presidente do Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas da América Latina (Instituto Ideal), que tem sede em Florianópolis, Mauro Passos, lamenta essa limitada atuação catarinense.
– Isso mostra o pouco interesse do Estado em uma participação mais efetiva nesse segmento, apesar do potencial que existe aqui. Com certeza, poderíamos ter apresentado uma maior participação – avalia.
Passos diz que além de Água Doce (Meio-Oeste) e Bom Jardim da Serra (Planalto Serrano), onde já existem parques eólicos, o potencial do uso do vento como energia é grande em Laguna, no Sul do Estado. Hoje, Água Doce tem dois parques, um com potência de 9 MW e outro de 4,8 MW. E Bom Jardim da Serra, tem um parque com potência de 0,6 MW.
Mas novos empreendimentos começam a tomar forma. Embora não tenha apresentado projetos catarinenses no leilão de ontem, a argentina Impsa está na fase final de aprovação de recursos para 10 novos parques eólicos em SC, somando 118 MW, segundo o gerente de comunicação corporativa da empresa, Santiago Miles. A meta é que os parques, localizados na região de Bom Jardim da Serra, comecem a funcionar em 2010.
A Caixa Econômica Federal também está envolvida com projeto no setor em SC. A instituição está avaliando financiamento para 12 parques eólicos – cinco em Bom Jardim da Serra e sete em Água Doce – no valor total de R$ 1,25 bilhão.
Juntos, os parques teriam capacidade para 222 MW. Na Grande Florianópolis, a Ventus Participações está à frente do do Parque Eólico no Morro da Boa Vista, em Rancho Queimado, com previsão de operação para 2012. O projeto custará R$ 150 milhões e terá potência de 28,8 MW.
(Por Alexandre Lenzi, Diário Catarinense, 15/12/2009)