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cop/unfccc fontes alternativas redd
2009-12-15

Para o professor José Marengo, países ricos, pobres e em desenvolvimento devem ter metas diferenciadas em relação às emissões de gases de efeito estufa. Embora diferenciadas, as metas devem ser obrigatórias, segundo ele. “Mas, em troca, deverão receber recursos de algum fundo de adaptação para enfrentar o problema de mudanças climáticas e reduzir os impactos e vulnerabilidade”, opinou. Na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line, Marengo falou sobre as metas de redução de emissão de gases dos Estados Unidos e China – os maiores produtores na atualidade – e do Brasil.

Além disso, analisou questões que serão abordadas na conferência que acontece neste mês, em Copenhague. “REDD é uma boa opção, mas tem que ser analisada e regulamentada, pois ainda não está claro como será aplicada em cada realidade. Há variações da REDD, REDD Plus etc., e tudo isso vai ser discutido na COP 15”, explicou.

Graduado em física e meteorologia pela Universidad Nacional Agraria (Nicarágua), José Marengo é mestre em engenharia de Recursos da Água e da Terra pela mesma instituição, e doutor em meteorologia pela University of Wisconsin (EUA). Recebeu o título de pós-doutor pela NASA-Goddard Institute for Space Studies e Florida State University (EUA). Atualmente, é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Escreveu os livros Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a biodiversidade - Caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do Século XXI (Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007) e The Large Scale Atmopshere Biosphere Experiment In Amazonia (Lba), Concise Experimental Plan. (SC-DLO, Wagenigen, The Netherl: Staring Centre-DLO, 1996)

Confira a entrevista.

IHUnisinos – Até o momento, a decisão do presidente Obama é de reduzir 17% das emissões americanas de gases de efeito estufa até 2020. O presidente da China anunciou meta de redução de 40% a 45% até a mesma data. Qual sua opinião sobre essas metas?
José Marengo –
Ora, é melhor que nada, não podemos esperar promessas de cortes altos demais, e que depois os países possam se arrepender e não cumprir.  A meta dos Estados Unidos é muito baixa, mas é melhor que uma ausência de metas.
 
Um dos pontos em discussão em Copenhague é o mecanismo para a transferência de tecnologias limpas. Esse debate em Copenhague vai para frente?
Marengo –
Pode ser que sim, mas isso entra na categoria de mitigação e adaptação. Porém, até hoje não ficou claro quais são os mecanismos de financiamento para estas tecnologias. Até hoje não existe uma clara ideia do que é tecnologia limpa, e quão limpa será a matriz hidroenergética comparada com a de termoelétrica a gás, por exemplo.
 
Entre estas soluções, podemos citar o reflorestamento e a preservação. O REDD (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação) é visto como uma alternativa importante neste sentido. Esta medida pode ser considerada satisfatória?
Marengo –
REDD é uma boa opção, mas tem que ser analisada e regulamentada, pois ainda não está claro como será aplicada em cada realidade. Há variações da REDD, REDD Plus etc., e tudo isso vai ser discutido na COP 15. Preservação é a melhor opção, e reflorestamento funcionaria só se fosse feito com espécies nativas como as que foram cortadas.

Corta-se floresta tropical e substitui-se por eucalipto, isso não é reflorestamento, é simplesmente uma plantação florestal. O clima atual da Amazônia funciona com a vegetação atual da floresta tropical, e, se toda a floresta é substituída por eucalipto, por exemplo, o clima vai mudar, pois a floresta tropical funciona de uma forma muito peculiar.  

Quais os principais desafios que precisam de um retorno urgente durante a conferência de Copenhague?
Marengo –
Listo:
- Mecanismos de mitigação (metas de emissões, tanto das atividades derivadas de queima de combustível fóssil quanto do desmatamento);
- Mecanismos de adaptação e criação do fundo de adaptação;
- Metas considerando responsabilidades históricas nas emissões de gases de efeito estufa;
- REDD e regulamentação deste mecanismo, e as suas variações para vários países;
- Metas de redução de desmatamento;
- Criação do fundo de adaptação mundial.
 
As metas brasileiras de redução, de 36,1% e 38,9% até 2020, são satisfatórias?
Marengo –
Sim, são satisfatórias e representam uma grande contribuição do Brasil nos debates e metas da COP 15.

Os pólos norte e sul já sentem os grandes impactos das mudanças climáticas. O que o senhor acha da proposta da Universidade do Arizona, de colocar espaçonaves cobertas com material reflexivo entre o Sol e a Terra?
Marengo –
Isso é especulação! Estas propostas são caras demais e quase não são fatíveis de construir ou de garantir resultados satisfatórios. O problema não é a energia que chega do sol, mas sim aquela parte que fica na baixa atmosfera “presa” pela camada de gases de efeito estufa, e a solução seria não engrossar esta camada, reduzindo as emissões o máximo possível.
 
Países pobres, em desenvolvimento e ricos devem ter metas de redução de emissões diferentes?
Marengo –
Devem ter metas diferenciadas sim, talvez obrigatórias, mas, em troca, deverão receber recursos de algum fundo de adaptação para enfrentar o problema de mudanças climáticas e reduzir os impactos e vulnerabilidade.

(IHUnisinos, 03/12/2009)


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