A elaboração da lista vermelha, que aponta os animais ameaçados de extinção em Santa Catarina, está movimentando mais de 100 colaboradores voluntários de todo o Brasil desde 2007. Os trabalhos são coordenados pela Organização Não-Governamental Ignis, de Itajaí, que deve concluir o levantamento em julho de 2010.
Não só a preservação de espécies de animais, mas também de seu habitat, está levando os voluntários a trabalhar pela lista. “Os animais são indicadores biológicos, se eles desaparecem é porque o ambiente esta doente, degradado”, explica a coordenadora-técnica dos trabalhos, Ana Maria Torres Rodrigues.
A coordenadora-executiva do projeto, Fabiola Schneider, reforça a importância de se identificar as espécies para proteger as áreas onde elas vivem. “Uma das principais causas de ameaça é a degradação do ecossistema e do ambiente onde eles vivem.”
É a primeira vez que a lista é preparada em Santa Catarina. O estado foi o último das regiões Sul e Sudeste a realizar esse projeto e utiliza metodologia da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês). O método deve verificar se as 355 espécies estudadas estão em via de serem extintas ou não. “Não é bom criar expectativa em relação ao número, porque a pesquisa não está conclusa, só vamos saber quantos animais vão compor a lista quando o trabalho for finalizado”, avisa Ana Maria.
Dentre essas espécies, o puma, também conhecido como leão-baio, foi escolhido como símbolo do projeto porque é um animal reconhecidamente ameaçado. Ele necessita de grandes áreas para viver, e seu habitat, a Mata Atlântica, vem diminuindo em ritmo acelerado em Santa Catarina.
Organização dos trabalhos
Reunir tantos especialistas, pesquisadores e colaboradores não foi fácil. As coordenadoras tiveram dificuldade em encontrar pessoas especializadas para alguns dos 14 grupos de animais estudados que compõem a lista. “Há grupos mais trabalhados por pesquisadores como os de mamíferos e anfíbios, mas há outros que são menos estudados”, conta Fabiola.
O grupo de aranhas, por exemplo, nem chegou a entrar nos estudos para a lista por falta de especialistas disponíveis. “Há muitos pesquisadores de outros estados que têm parte de sua pesquisa aqui em Santa Catarina, foi necessária muita articulação para contatá-los”, completa a coordenadora-executiva.
Tanto trabalho para reunir profissionais começou a fluir melhor com o apoio da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), que passou a patrocinar o projeto em novembro de 2008 através de recursos de compensação ambiental. Os principais gastos são gerados pelos encontros que reúnem todos os pesquisadores envolvidos. Esses eventos servem para discutir resultados e metas e padronizar a metodologia de estudo da IUCN. O quarto encontro está marcado para fevereiro de 2010.
Quando ficar pronta no ano que vem, a lista será entregue à Fatma, que vai repassá-la ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) para publicação. A partir disso, será mais fácil desenvolver políticas públicas de conservação e proteção ambiental em SC.
O levantamento feito pelas listas contribui para monitorar as áreas degradadas e também para analisar a eficácia das atuais áreas de preservação. "As listas são ferramentas para propor políticas públicas, criar leis, licenciamentos e áreas de proteção", reforça Fabiola. "As áreas de preservação como a reserva extrativista e os corredores ecológicos são bem vindas, mas devem ser ampliadas", comenta Ana Maria.
Depois de entregar a lista, a Ignis pretende lançar o Livro Vermelho e material de educação ambiental para disseminar as informações apuradas no projeto. Mais informações podem ser obtidas no site da ONG: www.ignis.org.br.
(Por Juliana Frandalozo, Ambiente JÁ, 15/12/2009)