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cop/cdb plano climático adaptação à mudança climática
2009-12-14

O cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg não é nada querido pelos ambientalistas, simplesmente porque nada contra a corrente. Enquanto o único assunto discutido aqui em Copenhague é o corte de emissões de gases causadores do efeito estufa, Lomborg passeia pelo Bella Center, onde a Cop 15 está sendo realizada, pregando o discurso inverso: o de que adiantará pouco os países selarem um acordo ao final da semana que vem. A razão: eles não conseguirão cumpri-lo. 

Ainda que dono de idéias tão politicamente incorretas em tempos de aquecimento global, Lomborg passeia sem constrangimento pelo Bella Center porque é uma espécie de celebridade, aqui na Dinamarca e também fora dela – e se comporta como tal.

Embora tenha entrevistado Lomborg algumas vezes pelo telefone no Brasil, marcar uma hora para conversar com o “ambientalista cético” aqui, que é como ele conhecido por ter lançado livros como Cool It — The Skeptical Environmentalist’s Guide to Global Warming (em português, algo como “Calma lá — o guia do ambientalista cético para o aquecimento global”), não foi nada fácil. Tentei na segunda-feira, mas Lomborg estaria o dia inteiro por conta do TV2, um dos principais canais de notícias local.

No Bella Center, o vi algumas vezes andando pra lá e pra cá e conversando com pessoas sendo seguido por dois cinegrafistas. Na terça, vi Lomborg sentado nos sofás do centro de imprensa, concedendo ininterruptas entrevistas. Finalmente, ontem, consegui um espaço na agenda de Lomborg.

O senhor não acredita no corte de emissões, e o tenho visto aqui na Cop 15, um evento que tem como princípio a idéia de que os países resolverão o problema do aquecimento dessa maneira, cortando emissões. Está aqui tentando convencer as pessoas de que esse não é o melhor caminho?

Exatamente. Eu sou basicamente uma acadêmico que tenta disseminar boas idéias. E aqui há mais de 15 000 pessoas que querem fazer o bem. O problema, infelizmente, é que elas estão se apegando a estratégia errada para resolver o problema. Elas estão se apegando à estratégia que fracassou pelos últimos 18 anos.

Poderia explicar isso melhor?


Veja: prometemos cortar em emissões na Eco 92, no Rio, e não o fizemos. Prometemos cortar ainda mais emissões em Kyoto, em 1997, e também não conseguimos. Agora estamos aqui em Copenhague, 18 anos depois, dizendo: vamos tentar a mesma velha estratégia de novo, mas fazer o cenário ficar ainda mais difícil e prometer que vamos cortar ainda mais as emissões._

E qual é o caminho então?

Gostaria que as pessoas pensassem que precisamos achar uma nova estratégia que realmente funcione. Se realmente queremos combater o aquecimento global não está na hora de adotarmos uma medida que realmente podemos cumprir, em vez de uma que apenas soe bem?

Na sua opinião, qual é o resultado mais provável de Copenhague? Vamos selar um acordo que vai nos permitir resolver o problema?

Infelizmente não. Vamos ter um documento bonito, cheio de palavras de peso e vamos estourar uma champanhe e todos os países vão voltar para casa se achando vitoriosos. E é claro que, daqui a dez anos, nada terá acontecido, e esse é o pior resultado que eu posso imaginar. A estratégia vai falhar de novo por vários motivos e um deles é porque custa caro cortar emissões.

O que devemos fazer então?

Fizemos um estudo com alguns dos mais importantes economistas do mundo, e isso inclui 28 profissionais especializados na questão climática e mais três prêmios Nobel. Perguntamos a eles: se vamos gastar dinheiro para combater o aquecimento global, qual a melhor maneira de gastar esse dinheiro, a mais eficiente? E o que eles calcularam é o seguinte: para cada dólar que você gasta para cortar emissões – mesmo que você gaste esse dinheiro de maneira muito eficiente – você vai evitar dois centavos de dano climático. Ou seja, 98% do dinheiro é jogado fora. O que é um péssimo negócio.

E o que seria um bom negócio?

Investir em pesquisa para tornar as tecnologias verdes mais baratas no futuro. Para cada dólar investido você vai ter 11 dólares de benefício climático. Se investíssemos o suficiente para tornar os painéis solares mais baratos que qualquer outra forma de energia de origem fóssil estaríamos no caminho de solucionar o problema do aquecimento porque todas os consumidores iriam comprá-los. E não porque algum governo os forçou a fazê-lo, mas porque tornamos a tecnologia acessível. Esqueçamos simplesmente o dogma do corte de emissões. Vamos investir para tornar as tecniologias verdes mais baratas que o problema se resolverá naturalmente

(Por Ana Luiza Herzog, Portal da Revista Exame, 11/12/2009)


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