O financiamento de ações de combate às mudanças climáticas em países em desenvolvimento é uma das principais lacunas do rascunho de acordo apresentado na manhã desta sexta-feira (11/12) em Copenhague.
Além da queda-de-braço entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, mesmo entre países ricos não há acordo sobre o volume de recursos que devem ser destinados aos países mais pobres. O dinheiro, reunido em um fundo, seria usado pelas nações em desenvolvimento em projetos para lidar com a mudança do clima.
Um dos principais focos de decisão desse ponto polêmico está em Bruxelas, onde acontece uma reunião de cúpula da União Europeia. Na capital belga, negociadores passaram a madrugada tentando chegar a um valor a ser apresentado em Copenhague, mas ainda não houve acordo. Uma decisão é esperada para esta sexta-feira.
UE Líderes europeus querem oferecer cerca de US$ 9 bilhões nos próximos três anos, mas encontram dificuldades para convencer representantes dos países mais pobres do bloco de 27 integrantes.
Por enquanto, apenas a Grã-Bretanha ofereceu cerca de US$ 1,2 bilhão e a Suécia, que atualmente ocupa a Presidência rotativa do bloco, US$ 1,1 bilhão. Já a Holanda quer repassar US$ 4,4 milhões e a Dinamarca, pouco mais de US$ 2 milhões.
Os países em desenvolvimento exigem valores entre US$ 100 bilhões e US$ 200 bilhões por ano - mas até o momento a discussão gira em torno de um fundo inicial de US$ 10 bilhões nos próximos três anos.
Países importantes da UE, como Alemanha e França, ainda não apresentaram propostas conclusivas.
Política
Na semana que vem, as negociações em Copenhague passam a um nível mais político com a chegada dos ministros de Estado.
O Brasil e outros países já afirmaram que "sem dinheiro, não há acordo", portanto, a decisão da União Europeia a ser anunciada nesta sexta-feira será fundamental para as negociações em Copenhague.
Os Estados Unidos também não anunciaram ainda a quantia que pretendem oferecer ao fundo para os países em desenvolvimento.
"Todos os países desenvolvidos estão com dificuldades em colocar na mesa não apenas números claros, mas também mecanismos para financiamentos de longo prazo", disse o negociador-chefe do Brasil na reunião do clima da ONU em Copenhague, Luiz Alberto Figueiredo Machado, que também é vice-presidente do grupo de trabalho que prepara um texto para um novo acordo pós-Kyoto.
O negociador-chefe do Brasil destacou a Noruega como única exceção por já ter proposto um número claro para o financiamento.
A reunião da ONU sobre o clima termina no dia 18 de dezembro, após a participação de líderes de cerca de 110 dos 192 países que participam do encontro. Entre os chefes de governo que confirmaram presença estão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes americano, Barack Obama, e francês, Nicolas Sarkozy.
(BBC / UOL, 11/12/2009)