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aumento da temperatura emissões de gases-estufa plano climático
2009-12-14

"Seria bonito. Eu colocaria 10 assinaturas, não uma. Uma pena que seja irrealista: os dois graus são um objetivo que não está mais ao nosso alcance. Dizer isso é um ato de honestidade. Assim como é um ato de honestidade dizer que, se não nos mexermos logo, se não fecharmos em poucos anos a toneira dos gases do efeito estufa, não conseguiremos nem parar em três graus".

Rank Raes, chefe da Unidade de Mudanças Climáticas do Centro de Pesquisa da Comissão Europeia, expressa em voz alta o que os melhores climatologistas do mundo – de Stephen Schneider, da Universidade de Stanford, a Jason Lowe, do Met Office – estão relatando em Copenhague nas reuniões paralelas às negociações entre os governos.

No esboço de acordo final publicado nesta sexta (11/12), o objetivo de parar o aquecimento global em dois graus a mais é tremulado como uma bandeira. É a bandeira que deveria induzir os países a cortar as emissões de gases do efeito estufa que vão de 50% a 90% até 2050. Mas para os cientistas não existe relação entre os tempos da política e os tempos da biosfera: com os objetivos hoje no tapete, os dois graus continuam sendo uma miragem.

Eis o raciocínio dos climatologistas.

Primeiro ponto. Calculando só o efeito do gás carbônica na atmosfera, deve-se levar em conta um aumento de temperatura de cerca de meio grau nas próximas décadas.

Segundo ponto. Ativar a economia virtuosa significa limpar o céu da neblina. O que fará muito bem aos nossos pulmões, mas eliminará o "efeito tela" das radiações solares que hoje mascara o real aumento de temperatura: é cerca de um outro grau que deve ser acrescentado.

Terceiro ponto. Calculando que já houve um aumento de mais de 0,8 grau com relação à era pré-industrial (os dois graus têm como ponto de referência aquele período) e que um aumento em torno de 1,5 grau pelas razões precedentes é inevitável, a barreira dos dois graus já está superada.

Mas é razoável a hipótese de parar apenas acima dos dois graus? "É tecnicamente factível, mas requereria uma vontade política da qual hoje não se tem notícia: devemos cortar de maneira draconiana todas as emissões de gás carbônico e zerar o desmatamento", continua Raes.

"Um cenário já considerado bom, ao invés, é um corte robusto das emissões dos países industrializados e um crescimento reduzido das emissões nos países em desenvolvimento. Mas mesmo assim o gás carbônico continuará a crescer e é muito difícil que parem antes que se atinja um aumento médio de três graus. Além disso, depois de algumas décadas, quando o motor da nova economia estiver engrenado, as emissões cairão".

É uma pena que a natureza não responda com a mesma velocidade da Bolsa. "Estamos indo ao encontro de perdas de gelo muito importantes, particularmente em áreas como a Groenlândia", lembra Jasan Lowe, do Met Office. "É uma mudança profunda que reforçará o processo de aquecimento e elevará o nível do mar. Não podemos pensar que, depois de ter superado o pico das emissões, quando finalmente consigamos retornar a concentração de CO2 na atmosfera a valores aceitáveis, tudo voltará a ser como antes: serão necessários séculos e séculos".

Mas o que significa na prática um aumento médio de três graus? Em algumas áreas e em alguns períodos, a temperatura subirá de maneira muito mais consistente. Nas áreas árticas, prevê-se um crescimento de pelo menos o dobro, e grandes áreas como a África e o Mediterrâneo irão sofrer com isso. Isso quer dizer que fatos como as ondas de calor do verão de 2003 (70 mil mortos, segundo estimativas da OMS na Europa) se tornarão frequentes.

"Porém, reduzir as emissões em tempos curtos é possível", observa Stefano Caserini, professor do Politécnico de Milão que recém publicou o livro "Guida alle leggende sul clima che cambia" [Guia sobre as lendas do clima que muda]. "Mas se reagirmos com muita lerdeza, não poderemos mais nos limitar a não poluir. Teremos que imaginar também o recurso a medidas que hoje parecem de ficção científica. Poderemos fazer crescer as plantas, queimá-las para produzir energia e depois enterrar o CO2. Isto é, levar o carbono novamente para a profundidade, onde esteve por milhões de anos sob a forma de petróleo".

(Por Antonio Cianciullo, La Repubblica / IHUnisinos, com tradução de Moisés Sbardelotto, 13/12/2009)


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