O secretário-executivo da Convenção Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas defendeu que seria positivo que a cúpula de Copenhague produza resultados passíveis de serem aplicados imediatamente, mesmo sem um documento vinculativo. No final do sexto dia de negociações entre as 192 delegações presentes na conferência da ONU sobre o clima, que acontece desde segunda-feira (07/12) na capital dinamarquesa, Yvo de Boer voltou a instar as delegações para avançarem nas negociações, ainda dificultadas pela falta de consenso que existe em torno de pontos essenciais, como o financiamento das ajudas a longo prazo ou as metas de redução de emissões.
O dirigente da ONU para as alterações climáticas falava no dia em que a maioria dos ministros do Meio-Ambiente dos países participantes começaram a chegar ao encontro com o objetivo de acelerar o processo negocial e preparar o texto definitivo do acordo, que terá de ser assinado no final da próxima semana pelos mais de 100 chefes de Estado e de governo que já confirmaram a sua presença.
Boer voltou a lembrar que, para entrar em vigor um novo acordo vinculativo sobre a redução das emissões de gases com efeito estufa (GEE) antes de 2013 -, momento em que expira a primeira fase do Protocolo de Kyoto -, esse tratado deverá ser ratificado por todas as partes, o mais tardar, até final de 2010.
"Milhares de pessoas fazem sentir a sua pressão", como demonstram as manifestações em todo o mundo para exigir uma solução para o aquecimento global, frisou Boer, em referência aos protestos ocorridos hoje em mais de 130 países para exigir que da reunião saia um acordo climático equitativo e ambicioso.No entanto, o próprio Boer já reconheceu a dificuldade dessa proeza.
A maioria das estimativas apontam para a obtenção de apenas uma base para continuar as negociações deixando a assinatura dos acordos vinculativos para a próxima conferência da ONU sobre Alterações Climáticas, a realizar no México no final de 2010.
Mas, apesar de ainda existirem "muitos desafios e problemas para resolver", como hoje indicou a ministra dinamarquesa que preside a cúpula da ONU sobre o clima, Connie Hedegaard, há também quem continue a acreditar que um acordo global e vinculativo em Copenhague é possível.Hedegaard fez um balanço "muito positivo" do sexto dia de consultas entre as delegações e lembrou que o "preço político" de um fracasso em Copenhaga é agora demasiado elevado dada a crescente mobilização sobre o clima que existe em todo mundo.
"Demorou anos para elevar a pressão até àquela que agora estamos a sentir em todo o mundo e que hoje pudemos verificar em muitas capitais. Isto ajuda a tornar o preço político de um falhanço em Copenhague tão alto que estou absolutamente convencida que os líderes vão pensar cuidadosamente antes de decidirem se estão dispostos a pagá-lo", concluiu.
(Lusa / UOL, 13/12/2009)