O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na sexta-feira (11/12) esperar fechar um acordo até março que defina como a energia elétrica gerada pelas novas hidrelétricas na Amazônia peruana possa ser exportada para o Brasil. O Brasil espera ajudar a construir a represa de Inambari, no Peru, orçada em 4 bilhões de dólares, e então comprar energia da usina, que terá capacidade de 2.000 megawatts.
Cerca de 20 por cento da energia consumida no Brasil é gerada na hidrelétrica binacional de Itaipu, na fronteira com o Paraguai. Mas o país busca novos fornecedores para abastecer sua economia após reclamações do Paraguai terem forçado a triplicação do valor pago pelo Brasil pela energia de Itaipu.
"Temos que ter uma grande discussão para que o acordo satisfaça ambos os peruanos e os brasileiros", disse Lula após encontro com o presidente do Peru, Alan García. "É uma chance extraordinária para começar a resolver a falta de energia que possam ocorrer no Peru e no Brasil", disse Lula. "Quero ver o (acordo) em março".
Lula e García, grande defensor de investimento externo e liberação comercial, lideram o projeto, que já recebe críticas de grupos ambientais. O Peru e o Brasil tentam acertar os detalhes da usina de Inambari, que pode ser a primeira de cinco hidrelétricas que podem ser construídas pelos dois países. "Este foi um dos temas mais importantes da visita de Lula", disse o chanceler peruano, José García Belaunde. O Peru já deu sinais de querer um acordo o mais rápido possível.
Lula lidera o ambicioso projeto de uma rodovia que cruza a Amazônia até os Andes. A estrada, que pode ser aberta no ano que vem, é a primeira que permitirá caminhões a transportar produtos do Pacífico ao Atlântico. Críticos dizem que a usina de Inambari, que pode levar quatro anos para ser construída, inundaria uma área da estrada, que teria de ser reconstruída.
Os governos também assinaram uma série de acordos na sexta-feira que irão regular o transporte de produtos e pessoas pela fronteira a partir da nova rodovia e para a permissão de voos internacionais comerciais entre cidades perto da fronteira.
(Por Patricia Velez, Reuters / UOL, 12/12/2009)