Em dias de chuva a situação piora e 100% dos dejetos da cidade vão direto para o rio
A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Corsan em Cachoeira do Sul, há 85 anos instalada no Bairro Cristo Rei, não comporta receber o excesso de líquido captado nos dias de chuva na cidade. Não existe um histórico de quantas vezes o sistema foi desligado e 100% do esgoto coletado de pouco mais de 8 mil famílias foi direto para o Rio Jacuí sem receber nenhum tratamento.
O encarregado pelo funcionamento da ETE, Sérgio Krug, explica que o lançamento do esgoto in natura direto no rio acontece somente nas enxurradas e isso em razão do volume de líquido, que chega a aumentar cerca de 10 vezes. “Como o volume de água é muito grande, o esgoto já vem bastante diluído e não causa grandes problemas”, afirma Krug.
Segundo estatísticas da Corsan, a rede de abastecimento de água potável em Cachoeira do Sul libera em média 300 litros por segundo. Na outra extremidade do sistema, a ETE recebe uma média de 60 litros de esgoto por segundo. O engenheiro Valter Machado, do setor operacional da Corsan, observa que são as ligações clandestinas que superlotam o sistema. “Existem muitas calhas de água de chuva que são ligadas na rede de esgoto. A única forma de acabar com isso seria conscientizar a população para não fazer este tipo de ligação”, argumenta o engenheiro Valter Machado.
CLANDESTINO - Se por um lado, os cidadãos ligam calhas de chuva na rede de esgoto, por outro lado a Corsan também tem pontos clandestinos para escape de esgoto, que contaminam o meio ambiente independente de estar chovendo ou fazendo sol. Uma das situações mais evidentes fica no Bairro Santa Helena, onde o esgoto puro é jogado na sanga. A dona-de-casa Marga-rete Borba dos Santos, 47 anos, chamou ontem a reportagem do JP para conferir a situação dramática que enfrenta todos os dias.
Os dejetos que deveriam ficar na canalização estão sendo largados na sanga, na Rua Barão do Viamão, da mesma forma como acontece ao lado do trevo na Avenida Marcelo Gama com a Rua Ricardo Schaurich. Para piorar, dona Margarete não tem água potável em casa e usa para fazer comida, beber e tomar banho a água de uma fonte que ela não sabe a procedência e que se localiza a poucos metros do esgoto. “Nos dias de chuva e em horários próximos do meio-dia e final da tarde aumenta muito a quantidade de esgoto que sai por essa tampo”, reclamou ontem a dona-de-casa.
(Por GIULIANO FERNANDES, Jornal do Povo, 11/12/2009)