A China terá duplicado suas emissões de gases de efeito estufa em 2020 em relação a 2005, apesar da intenção de reduzir sua intensidade carbônica, ultrapassando, assim, a barreira que permitiria limitar o aquecimento climático global, advertem especialistas, que resolveram calcular de forma mais concreta as emissões de gases da maior nação poluente.
Segundo esses estudos, o aumento dos gases de efeito estufa chineses estaria compreendido entre 74% e 100% se a China conseguisse reduzir suas emissões entre 40 e 45% por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) em relação a 2005; caso seu crescimento econômico não superasse os 8% (um índice superado muitas vezes desde 2005).
A China, no entanto, comprometeu-se recentemente em diminuir entre 40 e 45% sua intensidade carbônica (a quantidade de emissões de gases-estufa por unidade do PIB) até 2020 com relação a 2005.
"Com 8%, as emissões crescerão 74%", afirma Emmanuel Guérin, coordenador sobre o clima do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais, uma fundação francesa. "A China, que emitiu 7,219 gigatoneladas de CO2 equivalente (que compreende os outros gases de efeito estufa) emn 2005, chegaria a 12,6 Gt em 2020", acrescenta.
"Isso é uma gigatonelada a mais", segundo o enfoque do economista Nicholas Stern, para quem deveria ser de 7,9 a 11,6 Gt. E, além disso, 12,6 Gt são quase 29% do total das emissões desejáveis para limitar o aquecimento a dois graus, o mundo não deveria emitir mais de 44 gigatoneladas de CO2 equivalente em 2020, explica.
Outro estudo de especialistas europeus preveem uma alta ainda maior: as emissões de CO2 chinesas duplicarão até 2020", afirma um especialista, confirmando um prognóstico acadêmico australiano.
Diante do objetivo fixado pela China para reduzir sua intensidade carbônica, suas emissões acabarão se duplicando, afirmou Frank Jotzo, dO Instituto de Mudança Climática da Australian National University.
Segundo o especialista europeu, com 8% de crescimento econômico, a alta das emissões de CO2 alcançará entre 4,2 e 5,1 bilhões de toneladas, e as emissões totais se situarão entre 9,8 e 10,7 bilhões de toneladas em 2020, o que significa que este aumento será de três a quatro vezes em relação à queda de emissões anunciada pelos Estados Unidos e a União Europeia (UE).
Netas condições, a China, que diz estar muito atrás dos países desenvolvidos em termos de emissão por habitante, superará a UE entre 2018 e 2020.
"Esta hipótese se baseia em uma redução das emissões europeias, mas em que medida a UE conseguirá reduzir isso, essa é a questão", reagiu Wang Ke, professor da Universidade do Povo.
(Yahoo! / AmbienteBrasil, 11/12/2009)