A ONG inglesa Survival International amplificou nesta quarta-feira (09/12) a denúncia de que o último sobrevivente de um povo indígena em Rondônia, conhecido como “Índio do Buraco”, tem sido alvo da ação de pistoleiros na Terra Indígena Tanarú. Fazendeiros da região se sentem prejudicados com o reconhecimento jurídico de áreas de proteção à sobrevivência do índio.
A Polícia Federal constatou que o posto de vigilância da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Tanarú sofreu um atentado há mais de duas semanas. De acordo com a PF, foram destruídos equipamentos, sistema de radiofonia, placas solares e partes da estrutura do posto. A evidência de que tentaram alvejar o “Homem do Buraco” são os cartuchos de espingarda que foram encontrados detonados na base de monitoramento mantido pela Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé, da Coordenação Geral de Índios Isolados da Funai.
A Terra Indígena Tanarú , localizada nos municípios de Chupinguaia, Corumbiara, Parecis e Pimenteiras D’Oeste, foi declarada como área de “restrição ao direito de ingresso, locomoção e permanência de pessoas estranhas aos quadros da FUNAI”. Recentemente, teve sua condição jurídica reafirmada por prorrogação de três anos.
O “Homem do Buraco” é o único remanescente conhecido de uma etnia indígena dizimada no sudoeste de Rondônia, provavelmente nas décadas de 80 e 90. A existência dele foi comprovada a partir de 1997. Passagem, sinais de habitação e locomoção foram registrados por uma equipe de indigenistas da Funai. Os registros do cinegrafista Vincent Carelli deram origem ao premiado documentário “Corumbiara”.
(Por Altino Machado, Terra Magazine / Amazonia.org.br, 10/12/2009)