O pequeno arquipélago de Tuvalu surpreendeu nesta quarta-feira (09/12) os países reunidos em Copenhague ao pedir a Brasil, China e Índia que aceitem os compromissos vinculantes previstos no futuro acordo contra o aquecimento global.
Surgiu, assim, o primeiro racha entre os países em desenvolvimento na conferência da ONU sobre mudança climática, expondo as divisões entre os gigantes emergentes e as nações mais expostas ao aquecimento.
Tuvalu, um estado que reúne nove atóis de coral no sul do Pacífico, com apenas 11 mil habitantes, desafiou os gigantes em desenvolvimento e um tabu da diplomacia do clima: a distinção entre a "responsabilidade histórica" dos países industrializados e dos países em desenvolvimento. Neste contexto, apenas os países industrializados têm compromissos vinculantes no Protocolo de Kioto.
Tuvalu propôs uma emenda "juridicamente vinculante" ao Protocolo pela qual a partir de 2013 se atribuirão objetivos de reduções aos grandes países emergentes, que atualmente geram mais da metade dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
O arquipélago sugeriu a criação de um grupo de contato sobre o tema, mas "China, Índia e Arábia Saudita bloquearam a proposta", declarou o delegado de Tuvalu, Taukiei Kitara.
O representante do Brasil, Sergio Serra, estimou que "Tuvalu tem uma preocupação muito legítima para um possível acordo mais ambicioso" sobre o aquecimento global, "mas não estamos de acordo com o objetivo de redução obrigatório". "É algo que o Brasil não está preparado para discutir".
O delegado chinês, Yu Qingtai, revelou que Pequim "apoia firmemente as preocupações dos estados mais vulneráveis e menos desenvolvidos sobre como combater a mudança climática", mas destacou que "somos todos países em desenvolvimento, todos vítimas do aquecimento climático causado pelos países desenvolvidos".
"Talvez haja diferenças em nossa ideia específica de como conseguir estas mudanças", admitiu Yu Qingtai.
Atualmente, mais da metade das emissões de dióxido de carbono (CO2) procede de países em desenvolvimento, principalmente China, Índia e Brasil.
Os 42 membros da Aliança de Pequenas Ilhas (AOSIS), que inclui Tuvalu, e o bloco dos países menos desenvolvidos da África rejeitam o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 2 graus, por considerá-lo inadequado, e exigem um limite de aumento de 1,5 grau.
A conferência patrocinada pela ONU deve ser encerrada no dia 8 de dezembro, com a participação de mais de 110 jefes de Estado e de Governo.
(AFP / UOL, 09/12/2009)