Indústrias dos Vales do Sinos e Paranhana têm projetos de sustentabilidade
Em tempos de debates sobre as mudanças climáticas na 15.ª Conferência de Clima em Copenhague (COP15), na Dinamarca, o mundo inteiro está atento para os problemas ambientais, em especial as emissões de gases do efeito estufa. No entanto, não basta somente estar atento. Tomar providências e atitudes são necessárias para que a situação não se agrave ainda mais. E de bons exemplos, o Rio Grande do Sul dá uma lição. Cada vez mais, indústrias gaúchas já estão mudando seu sistema com o intuito de causar menores impactos no planeta. Na região, que possui diversas indústrias calçadistas, essa preocupação já é uma realidade.
O coordenador do Conselho de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e vice-presidente da Confederação Nacional de Indústria (CNI), Torvaldo Marzolla Filho, explica que o Estado possui a legislação mais restritiva do País para conceder licenças ambientais, mesmo que o mercado internacional já exija das indústrias exportadoras que sua produção seja de acordo com as normas ambientais. "O Brasil está crescendo internacionalmente, mas ainda contribui apenas com 1% do comércio industrial. Para não ficarmos para trás, temos que estar preparados." Marzolla conta que, entre os projetos da Fiergs, está a entrega de certificados ambientais, como um selo de qualidade, para as empresas.
NA FRENTE - Marzolla afirma que o Vale do Sinos é a região que mais possui empresas inovadoras e que aproveitam resíduos sólidos transformando-os em produtos nobres. "Podemos dizer que nosso Estado está cumprindo a lição de casa", brinca. Um desses bons exemplos, é a Boxflex Componentes para Calçados, de Campo Bom, que trabalha na produção de palmilhas, contrafortes e couraços. Desde 2008, possui um projeto que recicla resíduos industriais. "Somos exportadores e, além de ficar com uma boa imagem, ainda economizamos em matéria prima" diz o diretor industrial Gustavo Fleck.
Três-coroenses são exemplo de preservação
Consciência ecológica, preservação do meio ambiente e desenvolvimento andam de mãos dadas em Três Coroas. No município, empresários buscam o desenvolvimento e expansão de seus negócios, mas sem abrir mão do respeito com a natureza.
Com o projeto Amanhã Mais Feliz, que existe desde de agosto de 1996, a cidade conta com o serviço do Aterro de Resíduos Industriais Perigosos (Arip), na localidade do Morro Ceroula. Em uma área de 13 hectares, o local possui 4 galpões de armazenamento dos resíduos industriais com 70 metros de comprimento, seis de altura (sendo destes, 3 no subsolo) e 10 metros de largura.
O aterro possui licenciamento da Fepam, e a média mensal de recebimento de resíduos industriais das fábricas locais é de 250 toneladas. O projeto é desenvolvido pelas empresas do município e pelo Sindicato da Indústria de Calçado e Componentes para Calçados de Três Coroas.
Atualmente, mais de 90 empresas são associadas e pagam conforme o tipo e a quantia gerada de resíduos. Todo o processo inicia com a segregação e coleta dos resíduos gerados nas empresas, que são transportados até a Central de Triagem, onde são revisados pesados, cadastrados e prensados. Em média, 68% dos resíduos são reaproveitados.
O aquecimento global é causado pela emissão de poluentes no ar, como a fumaça das chaminés das fábricas. Isso causa muitos estragos no nosso planeta. Para amenizar esses efeitos, devemos fazer a nossa parte e cuidar do meio ambiente. Alguns exemplos do que podemos fazer é evitar jogar lixo no chão, reciclar papel e o lixo. Passe a ideia adiante!
Alternativas à indústria calçadista
As indústrias calçadistas do Estado descartam, atualmente, 100 mil toneladas de retalhos de couro em locais que recebem lixo industrial. A região, por sua histórica vocação econômica no setor, contribui com boa parte desse resíduo. Há cerca de um ano, a Fiergs trouxe da Itália uma técnica que consegue transformar esses resíduos em fertilizante orgânico. Por enquanto, somente uma empresa utiliza o novo sistema, mas o clima é de otimismo. "Boas práticas estão nascendo no coração do Vale dos Sinos", comemora Marzolla.
Brasil não aceitará acordo de redução
O Brasil e outros países em desenvolvimento não aceitarão qualquer compromisso obrigatório de redução de emissões no acordo que sair da cúpula da ONU sobre mudança climática (COP15), reiterou hoje o chefe da delegação brasileira em Copenhague, Luiz Alberto Figueiredo Machado. Ele disse que esse tema sequer está sobre a mesa de discussão, respondendo às queixas da China sobre a suposta intenção dos países ricos de incluir esse aspecto no acordo. Machado demonstrou prudência em relação à minuta dinamarquesa de uma proposta de acordo que vazou ontem e que despertou fortes críticas de países emergentes e ONGs.
(Jornal VS, 10/12/2009)