Os três terminais da Petrobras no norte do Espírito Santo - Terminal Norte Capixaba (TCN), e unidades “SM-8” e “FAL” -, localizados em Nativo, Barra Nova e Campo Grande, no litoral de São Mateus, estão paralisados desde às 3 horas desta quarta-feira (09/12), por manifestação do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que reúne 600 pessoas. Cobram providências da empresa e de órgãos públicos contra os impactos sociais e ambientais provocados há anos pela atividade na região.
Com o protesto, está impedida a entrada de carretas e caminhões nos terminais de petróleo, por tempo indeterminado. Os produtores rurais garantem que não sairão do local, até que seja estabelecido um canal de diálogo com a Petrobras, prefeitura municipal e governo do Estado.
Esta é terceira manifestação realizada na região para cobrar ações contra os mesmos problemas sofridos por moradores, que já são de conhecimento da empresa e dos órgãos públicos. Mas as medidas ficam apenas na promessa. “A população está sendo enrolada, por falta de vontade em resolver as questões”, pontuou Valmir Noventa, da coordenação estadual do MPA.
Segundo ele, as reivindicações se concentram em três pontos prioritários, que não são passíveis de qualquer acordo que não seja a solução definitiva. São eles: as condições das estradas e da água, e a destruição de Área de Preservação Permanente (APP) em Engenho do Nativo.
Os produtores rurais da região cobram o asfaltamento da rodovia que liga São Mateus à Barra Nova, local onde estão situadas as três unidades de terminais ocupadas. E que representa a principal estrada utilizada pelos moradores, por onde passam ainda as linhas de transporte público, e as produções agrícola, pecuária e pesqueira.
“O tráfego de carretas para atender à empresa deixa a rodovia em péssimo estado. As constantes danificações não são reparadas. A empresa não faz nem o recapeamento. Portanto, a única forma de resolver o problema é o asfaltamento, uma demanda antiga dos moradores”, ressaltou Valmir. Outro ponto reivindicado se refere à péssima qualidade da água fornecida na região, e ainda sua falta, conseqüência das atividades de extração, escavação e perfuração do óleo pela Petrobras.
Além da questão ambiental, com a destruição dos manguezais e pântanos característicos de Engenho do Nativo, por produtos químicos provenientes dos processos que usam maquinário pesado, o que tem destruído a fauna e a flora, e contaminado as espécies encontradas na região. “Os impactos estão afetando diretamente a agricultura e a pesca, tornando ainda mais difícil a sobrevivência dos moradores”, destacou.
Valmir Noventa enfatiza que, se a Petrobras não vai parar de propagar seus impactos, que pelo menos seja responsável. “A empresa sempre aparece na imprensa como preocupada com as questões sociais e ambientais, mas não é assim que trata os moradores de São Mateus. Por trás do lucro que tira para incrementar a burguesia, e colocar combustível nos carros dos ricos, existe o sofrimento de uma população”, finalizou.
(Por Manaira Medeiros, Século Diário, 09/12/2009)