O que poderia até parecer utopia, agora está calculado em valores. Chegar ao desmatamento zero na Amazônia não só é possível como pode ser alcançado em dez anos. Um estudo conjunto do IPAM, Instituto de Pesquisa da Amazônia e do Woods Hole Research Center, aponta quatro ações principais para alcançar a meta.
A primeira é valorizar os povos indígenas e ribeirinhos, desenvolvendo políticas públicas para que intensifiquem a agricultura nas áreas já abertas, ao mesmo tempo em que apostassem na venda de produtos florestais. Também seria necessário recompensar financeiramente os quem têm área protegida maior do que as estipulada pela lei, aumentar a fiscalização e fazer a regularização fundiária das terras amazônicas.
Para isso, seriam necessários entre 7 e 18 bilhões de dólares por ano. O cálculo não leva em conta o investimento do governo brasileiro, que estabeleceu a meta de reduzir 80 por cento do desmatamento nesse mesmo período. Segundo Dan Nepstad, um dos autores do estudo, o financiamento viria de várias fontes, mas principalmente de doações dos países ricos.
O país já tem na conta um bilhão de dólares, doados pela Noruega para o Fundo Amazônia. Estados brasileiros como São Paulo, que já anunciaram metas de redução e investidores do mercado de carbono também poderiam colaborar. Nepstad cita também um exemplo caseiro Para Paulo Moutinho, coordenador de pesquisa pelo IPAM, se forem combinados vontade política e dinheiro, a meta poderá ser alcançada até mesmo antes de 2020.
Em vinte anos, a Amazônia encolheu em área o equivalente ao tamanho da França. A exploração ilegal da madeira e, mais recentemente, as plantações de soja e a pecuária foram as grandes responsáveis por um modelo que não deu certo. Com o desmatamento zero seria possível reduzir entre 2 e 5 por cento do total de emissões globais e cerca de metade da contribuição brasileira para as emissões do mundo.
(Por Angêlica Coronel, EcoAgência, 09/12/2009)