O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) deu início a um projeto que irá aliar a proteção ao meio ambiente e a redução de custos na pequena propriedade agrícola. No início da semana, foram inaugurados em Itapiranga, no Oeste de Santa Catarina, os primeiros 10 biodigestores do Projeto Alto Uruguai.

O projeto prevê, ao total, a instalação de 35 biodigestores em 29 cidades do Oeste catarinense e do Noroeste e Norte do Rio Grande do Sul, regiões em que há bastante criação de porcos. A partir dos dejetos dos animais, o biodigestor irá produzir o biogás, que pode ser usado como energia para eletrodomésticos nas casas ou nas instalações da propriedade. Também será produzido adubo, que pode ser aplicado nas plantações ou no pasto.

O integrante do MAB, Pedro Melchiors, explica que o sistema de biodigestores é uma alternativa que reduz o custo dos agricultores, já que é mais barato do que a energia elétrica, e dá fim aos dejetos dos suínos, altamente poluidores no meio ambiente.

"Dados da Epagri mostram que poços artesianos perfurados praticamente de 200m a 300m ainda contêm resíduos de dejetos de suínos. Nós estamos em uma das regiões que também a maior concentração de população de animais em área per capita do país. É um grande problema que estamos enfrentando com os dejetos de suínos em nossa região. O problema do dejeto fica para os agricultores, já que as empresas [agroindústrias] não se responsabilizam", diz.

O MAB também assinou um termo de compromisso com o governo federal para que seja feita, até Maio, a instalação da unidade geradora e a canalização dos biodigestores às casas, proporcionando o uso doméstico do biogás. A cada 3m³ de dejeto de suíno é possível produzir 1 KW de energia. Os 10 biodigestores recém inaugurados irão produzir 130 KW.

O Projeto Alto Uruguai ainda prevê a instalação de placas solares para captar a luz do sol. Desde 2006, o projeto também qualificou cerca de 1,7 mil professores da rede pública de 29 cidades sobre o sistema de energia brasileiro e alternativas. Além do MAB, participam do projeto a Eletrobrás, Eletrosul, Unochapecó e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 09/12/2009)