A relação das iniciativas com as políticas públicas foi o tema da segunda mesa de debate do seminário sobre reciclagem e economia solidária que a Assembleia Legislativa promoveu, através das comissões de Economia e Desenvolvimento Sustentável (CEDS) e de Saúde e Meio Ambiente (CSMA), na manhã desta quarta-feira (9), no Plenarinho. O painel foi coordenado pelo presidente da CSMA, deputado Gilmar Sossela (PDT). Participaram representantes da Empresa Brasileira de Correios e Telegráfos (EBCT), Braskem, Agência de Desenvolvimento Social da Central Única dos Trabalhadores (ADS/CUT), Cáritas Diocesana de Caxias do Sul e da Federação das Associações de Recicladores do Rio Grande do Sul (FARRGS).
“As experiências de associações de catadores e cooperativas em parceria com empresas são muito ricas. Podem minimizar o impacto ambiental com a coleta seletiva do lixo e a sua correta destinação com reciclagem. A partir deste seminário, um grupo de trabalho vai dar continuidade a uma série de ações para articular melhor essas iniciativas”, afirmou Sossela.
O papel das empresas públicas nas ações de reciclagem e economia solidária foi o mote da exposição do diretor de Responsabilidade Social da EBCT-RS, Cézar Carneiro. Ele relatou as iniciativas dos Correios na área social e citou ações de inclusão digital, oficinas de geração de renda, gestão ambiental, e doações de materiais recicláveis da estatal. “São medidas que contribuem para a promoção de mudanças sociais e positivas ao meio ambiente, demonstrando a responsabilidade social da empresa”, reforçou Carneiro.
Formação de redes
O gerente de Relações Institucionais da Braskem, João Ruy Dornelles Freire, falou sobre as ações da iniciativa privada. Para Freire, a formação de redes é a base da economia solidária e, ainda que o coletivo seja o grande protagonista, a liderança é um ponto chave para o êxito das iniciativas. Ele destacou a experiência da Braskem, em parceria com a Vonpar, o Banco do Brasil e um conjunto de associações e outras entidades, como um caso de sucesso. “A reciclagem tem tantos elementos que só uma rede resolve. Estamos investindo em tecnologia e este investimento vai ser viabilizado pelas próprias associações”, revelou Freire.
Para o representante da ADS/CUT, Niro Barrios, é perfeitamente possível construir parcerias entre grandes empresas e entidades de catadores, desde que seja respeitado o espaço de cada um. “A reciclagem é uma grande fonte de geração de riqueza. Quem faz a coleta não pode viver como hoje, em condições sub-humanas”, sustentou Barrios. Ele defendeu também a necessidade de haver viabilidade econômica para a atividade, porém, sempre respeitando o meio ambiente. O representante da ADS/CUT disse ainda que o país precisa de uma política pública articulada entre os entes federados para a reciclagem e a economia solidária.
Gestão democrática
A representante da Cáritas Diocesana de Caxias do Sul, Brenda Costa, resumiu as ações de apoio a iniciativas de reciclagem solidária empreendidas na cidade da Serra Gaúcha. De acordo com ela, a entidade apoia associações de recicladores não apenas visando a ascensão social dos trabalhadores, mas também por acreditar numa gestão democrática. “Não queremos só inclusão econômica, mas que tenham poder de influência nas decisões. Tornar visível o que é invisível”, explicou Brenda.
Por fim, a presidente da Faargs, Ana Regina de Lima, cobrou mais sintonia entre União, Estado e municípios em relação à fiscalização dos órgãos ambientais. “Em Porto Alegre, nenhum galpão de reciclagem tem licença ambiental. São notificados constantemente. Estamos prestando um serviço para a cidade e vivemos na pressão”, reclamou Ana.
Nos encaminhamentos finais, o deputado Gilmar Sossela propôs a constituição de um grupo de trabalho permanente, composto pelas entidades participantes do encontro e os membros da CEDS e da CSMA. O pedetista informou ainda que o deputado Adão Villaverde (PT) – proponente do seminário – está construindo, em conjunto com as associações e cooperativas, um projeto de lei para dispor sobre a destinação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública estadual do Rio Grande do Sul.
(Por Leonel Rocha, Ascom AL-RS, 09/12/2009)