País quer ajuda financeira, mas diz poder cumprir promessa de redução de gases sem auxílio externo
Os sinais de recuo nos compromissos de corte nas emissões de países desenvolvidos e tentativas de dividir o bloco dos países em desenvolvimento monopolizaram a reunião desta terça (08/12) da cúpula da delegação brasileira que irá a Copenhague. O negociador brasileiro, embaixador Luiz Alberto Figueiredo, participou por teleconferência da reunião coordenada pela ministra Dilma Rousseff, chefe da delegação.
A exposição de Figueiredo durante quase duas horas de reunião deixou em segundo plano a proposta defendida pelo Ministério do Meio Ambiente, com apoio de ambientalistas, de que a conferência do clima fixasse um limite global para as emissões de carbono.
Essa proposta pressupõe um esforço dos países em desenvolvimento. E, no momento, a prioridade da estratégia brasileira é cobrar compromissos mais firmes dos países desenvolvidos, responsáveis históricos pela maior parcela de emissão de gases de efeito estufa.
"Há países europeus amarelando, puxando suas metas para baixo para atrair os Estados Unidos para um acordo", disse o ministro Carlos Minc após a reunião na Casa Civil. Minc relatou que o Brasil participa, ao lado de outros países, da tentativa de elaborar uma nova proposta de acordo. Essa proposta poderia substituir o esboço feito pela Dinamarca. O documento do país anfitrião da conferência, que vazou anteontem, foi criticado.
Na avaliação feita ontem, o estabelecimento de metas "voluntárias" pelo Brasil permitiu aos negociadores brasileiros cobrar compromissos mais relevantes dos países desenvolvidos. A delegação insistirá na criação de um fundo global para financiar ações de corte das emissões e de adaptação.
O país espera contar com parte dos recursos desse fundo, embora não condicione o cumprimento de suas metas voluntárias ao financiamento externo. Também participaram da reunião de ontem os ministros Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e Celso Amorim (Relações Exteriores). A chefe da delegação brasileira chegará a Copenhague no domingo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá depois e deverá discursar no dia 17, penúltimo dia da conferência.
(Por Marta Salomon, Folha de S. Paulo, 09/12/2009)