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2009-12-09

A delegação norte-americana chega com as mãos quase vazias para a conferência sobre mudança climática que começou nesta segunda (07/12) em Copenhague, porque as empresas de petróleo e gás impõem seus interesses com doações a legisladores, denunciam organizações não-governamentais. As próximas eleições legislativas estão previstas apenas para novembro de 2010, mas os interesses do petróleo e do gás já doaram para as campanhas políticas dos representantes US$ 4,4 milhões desde 1º de janeiro deste ano.

O Center for Responsive Politics, uma organização que investiga os vínculos entre as empresas que doam dinheiro e a política legislativa e eleitoral, contou 321 ex-legisladores e empregados do Congresso que agora representam os interesses do setor energético. “Os interesses empresariais são os que pagam nossas campanhas políticas. Em certo sentido estão comprando o acesso” à legislação, disse ao TerraViva Mary Boyle, porta-voz da Common Cause, uma organização não-governamental que acompanha o funcionamento do sistema de governo deste país. “Têm uma voz muito poderosa e um papel muito forte na hora de fixar nossa agenda política”, assegurou Boyle.

Entre as empresas com influencia no Congresso dos Estados Unidos, as do setor petroleiro e do gás exercem um poder especial, e uniram-se para influir no processo de redação do projeto de lei sobre mudança climática aprovado em junho na Câmara de Representantes. O projeto propõe reduzir as emissões de dióxido de carbono no país em 17% até 2020, tendo por base indicadores de 2005. Isso é cerca de 4% abaixo dos níveis de 1990, muito longe da redução de 40% recomendada por cientistas para impedir que a temperatura média da Terra aumente dois graus, o que traria consequências catastróficas.

Uma iniciativa semelhante está em exame no Senado. O presidente norte-americano, Barack Obama, cuja presença em Copenhague está prevista para o último dia do encontro, 18/12, disse que Washington proporá a fórmula de 17% como ponto de partida para as negociações. “Há milhares de representantes dos interesses empresariais que cortejam o Congresso e superam de longe os que estão do nosso lado. O que saiu é um projeto de lei climática que favorece o setor industrial”, disse Kert Davis, diretor de pesquisa da organização ecologista Greenpeace-EUA.

A companhia petroleira Chevron lidera a lista de doações políticas, com US$ 328 mil entregues, seguida por Koch, pertencente à Koch Petroleum Group, com US$ 308 mil; Valero Industry com US$ 289 mil, e Exxon Móbil com US$ 273 mil. “Sete das 10 maiores empresas do mundo são petroleiras, segundo suas rendas. O dinheiro que têm à disposição lhes dá uma voz fortíssima no sistema político dos Estados Unidos”, disse ao TerraViva a especialistas nestas indústrias Antonia Juhasz.

O setor destina seu dinheiro aos legisladores com jurisdição na legislação relacionada com energia, como o projeto de lei sobre mudança climática no Senado. A senadora democrata Blanche Lincoln e sua colega republicana Lisa Murkowsky, ambas da Comissão de Energia e Recursos Naturais, receberam este ano, respectivamente, US$ 210 mil e US$ 139 mil do setor de hidrocarbonos. O senador republicano David Vitter, da comissão de Meio Ambiente e Obras Públicas, aceitou US$ 175 mil.

As empresas também enviam seus agentes aos escritórios dos legisladores para convencê-los de incluir ou excluir disposições no projeto de mudança climática e em outras iniciativas de seu interesse. As empresas de petróleo e gás gastaram US$ 121 milhões para enviar 745 agentes de pressão ao Congresso entre 1º de janeiro e 26 de outubro. Também doaram dinheiro à Câmara de Comércio dos Estados Unidos, que faz lobby cada vez mais forte em favor dos interesses petroleiros, para o projeto de mudança climática e outras iniciativas legislativas, disse Juhasz.

“A indústria do petróleo está unida em sua oposição à legislação sobre o clima. A American Petroleum Institute (associação de empresas), liderada pela Exxon Móbil, teve destacado papel na tentativa de influir sobre o Congresso, com uma campanha muito sofisticada que desacreditava os indícios da mudança climática”, garantiu ao TerraViva o diretor de Energia da Public Citizen, Tyson Slocum. Esta organização defende os direitos dos consumidores.

Um lampejo de esperança é que o governo de Obama, através da Agência de Proteção Ambiental (EPA) tem o poder de reduzir consideravelmente as emissões de alguns gases-estufa, sem a aprovação prévia do Congresso, explicoui Slocum. Mas, o projeto climático aprovado no Senado procura limitar a autoridade da EPA no constitui uma evidente concessão à indústria contaminante, disse Slocum. O projeto não se converterá em lei a menos que o plenário do Congresso o aprove no próximo ano.

Muitos dos agentes de pressão das empresas são ex-funcionários de governo ou do Congresso. Lisa Barry, por exemplo, é ex-secretária adjunta do Departamento de Comércio dos Estados Unidos e agora está vinculada aos legisladores representando a Chevron, segundo o Center For Responsive Politics. O ex-legislador Vic Fazio agora representa a firma petroleira Royal Dutch Shell e outras empresas.

“Continuarmos com um sistema de energia baseado em combustíveis fósseis sem transitarmos para os combustíveis alternativos se deve ao fato de nos Estados Unidos existir um enorme grupo de pressão a favor destas indústrias que evitou tomar o caminho mais sustentável e benigno para o clima, e em virtude da segurança nacional”, afirmou Nick Nyhart, presidente da Public Campaign.

(Por Adrianne Appel, IPS / Envolverde, 08/12/2009)


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