Organizações Não Governamentais mostraram nesta segunda-feira (07/12) sua preocupação com o tipo de compromisso que poderá sair de Copenhague. “A pergunta não é se teremos um acordo, mas que tipo de acordo teremos”, comentou Tove Ryding, do Greenpeace, uma das 450 organizações que integram a Rede de Ação Climática, conhecida simplesmente como CAN.
Ryding destacou que durante a cerimônia de abertura, por exemplo, a palavra usada nos discursos foi ‘acordo’, o que poderia ser apenas político, e não ‘tratado’, que envolve compromissos legais. “Se você compra uma casa não quer um acordo político que afirme isso, mas um documento legal que prove que você é o proprietário”, disse.
Tosneem Essop, da WWF, afirma que ainda há muito trabalho a ser feito para chegar na meta de corte de emissões recomendada pelos cientistas, de 40% em 2020 com base nos níveis de 1990. “Com as metas que estão na mesa até agora está indo em direção a uma elevação de 3,8º C. O impacto em nossas vidas será devastador”, comenta.
Antonio Hill, da OXFAM, questiona o que poderia ser chamado de sucesso e se o que será apresentado no dia 18 poderá ser considerado um sucesso. Ele cita alguns pontos que precisam ganhar atenção, como por exemplo, como será esta mitigação prometida pelos países ricos.
“Uma das maneiras fáceis dos países fugirem de suas obrigações de cortar emissões é importar reduções de países em desenvolvimento, através das chamadas ‘compensações’, como as do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Tem havido propostas para limitar esse uso e garantir que eles façam cortes reais em casa, mas até o momento parece grande a chance de que isso fique em aberto”, explica.
Ele cita ainda o modo como os países irão contabilizar a contribuição da remoção de emissões pelas florestas. “Há uma grande ameaça de que países do Anexo 1 (ricos que têm metas a cumprir sob Quioto) escondam emissões do desmatamento ilegal. Isso minaria a possibilidade de reduções e seria um terrível exemplo para os esforços que precisamos para reduzir desmatamento em países em desenvolvimento”, afirma Hill.
Segundo ele, os países que poderiam fazer isso seriam Canadá, Finlândia, União Européia, Suécia e Áustria. “Agora eles estão tentando fazer que tudo aconteça do jeito que querem. Que cada país decida como contará suas emissões”, comenta.
(Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil, 08/12/2009)