O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, pediu, nesta terça-feira (08/12), para os 192 países reunidos em Copenhague concluírem as bases de um acordo climático ainda esta semana e deixarem os assuntos políticos para os últimos dias da Conferência do Clima, que acontece na capital dinamarquesa.
No segundo dia de trabalhos da cúpula sobre o clima, que foi inaugurada na última segunda-feira, De Boer pediu às delegações dos 192 países que "façam o máximo de trabalho possível" e cheguem, ainda durante esta semana, a um consenso em pontos essenciais, como adaptação, combate, tecnologia, financiamento, florestas e captação.
O objetivo, segundo o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), é que quando os ministros do Meio Ambiente das nações que fazem parte do convênio chegarem a Copenhague, nos dias 12 e 13 deste mês, só precisem discutir questões políticas.
Yvo de Boer, que tem a difícil tarefa de conseguir o consenso em torno de um novo acordo climático que concretize os objetivos necessários para assegurar que o aquecimento global não supere dois graus Celsius em relação à era pré-industrial, considerou que a cúpula de Copenhague teve um "bom começo".
Em coletiva de imprensa, De Boer destacou ainda o crescente consenso que existe entre as nações ricas quanto à necessidade de conceder, aos países pobres e em desenvolvimento, uma ajuda anual de US$ 10 bilhões (R$ 17,2 bilhões, ao câmbio atual), entre 2010-2012, para que estes diminuam suas emissões e consigam se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
Financiamento a longo prazo das ajudas
Segundo o responsável da ONU, as principais dificuldades nas negociações apontam para uma falta de consenso sobre o financiamento a longo prazo destas ajudas (2012 até 2020), e sobre a redução das emissões.
Ele reiterou que os anúncios feitos até agora pelos países industrializados "não são suficientes" e ainda estão distante do objetivo pedido pela ONU de conseguir um corte das emissões entre 25% e 40% frente aos níveis de 1990.
De Boer ressaltou que o acordo que for obtido na reunião deve incluir uma lista completa de compromissos individuais de cada país e estabelecer mecanismos efetivos para garantir que estes sejam cumpridos.
No entanto, o diretor da Agência Internacional de Energia (AIE), Nobuo Tanaka, considerou, nesta terça-feira, que um fracasso em Copenhague poderá custar à economia mundial US$ 500 bilhões (R$ 864 bilhões) por ano
"Se não se tomarem medidas imediatas para diminuir as emissões de dióxido de carbono, serão necessários US$ 500 bilhões por ano em investimentos adicionais para recuperar o tempo perdido e voltar ao trajeto inicial", estimou o representante da AIE, em Paris.
Durante apresentação de um estudo sobre energia renovável, Tanaka considerou ainda "impossível" que de Copenhague saia um tratado internacional obrigatório.
(Lusa / UOL, 08/12/2009)