O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdala Salem El-Badri, considera "essencial" que Copenhague leve em conta os interesses dos países exportadores de petróleo, dispostos a contribuir para minimizar a mudança climática se receberem ajuda financeira das nações desenvolvidas.
Em declarações à Agência Efe, Badri, que representará como observador a Opep na cúpula da ONU sobre a mudança climática (COP-15), afirmou nesta segunda-feira (07/12) que os hidrocarbonetos serão ainda muito necessários nos próximos anos.
"Os países da Opep desempenham um papel essencial em satisfazer as necessidades energéticas do mundo, e não estamos sós em nossa certeza de que os combustíveis fósseis seguirão sendo a principal fonte de energia no futuro previsível", ressaltou o diretor líbio.
"Enquanto as vendas de petróleo permanecem como a principal fonte de receita para muitos dos países-membros da Opep, é essencial que também se levem em consideração nossos amplos interesses no longo prazo", acrescentou.
Justo
Os 12 membros da organização, que hoje controla cerca de 40% da produção mundial de "ouro negro" e dois terços das exportações petrolíferas do planeta, são signatários do Protocolo de Kyoto, e esperam que um sucessor desse documento seja "justo" e se baseie nos passos dados até agora pela comunidade internacional.
"É importante que qualquer acordo que se alcance em Copenhague seja equilibrado, justo e equitativo", disse o secretário-geral.
E é "também imperativo que seja construído sobre o que já se tem até agora: a convenção marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC) e o Protocolo de Kyoto", documentos que definem claramente as responsabilidades comuns, mas diversas, dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Entre as responsabilidades, ressaltou as "garantias para que os países desenvolvidos forneçam assistência financeira e tecnologia aos países em desenvolvimento para que possam enfrentar à mudança climática".
Ajuda dos ricos - Afirmou que a Opep comemora as iniciativas que limitem as emissões de gases do efeito estufa e seus membros estão dispostos a contribuir para aliviar a mudança climática, mas insistiu na necessidade do apoio dos países ricos.
"Acreditamos que os países em desenvolvimento podem ajudar nos esforços de aliviar", mas para isso precisam estar "capacitados e com recursos suficientes para investirem em transferência tecnológica", insistiu Badri.
De fato, nos últimos anos, alguns membros da Opep empreenderam voluntariamente uma série de projetos para abordar a mudança climática, afirmou.
No entanto, "dadas as responsabilidades históricas com relação ao estado da atmosfera da Terra, e tendo a capacidade financeira e tecnológica, os países desenvolvidos deveriam assumir a liderança nesses esforços", concluiu o secretário-geral da Opep.
(Folha Online / AmbienteBrasil, 08/12/2009)