Os primeiros flocos brancos caíram e a neve cobriu o estado do Colorado, no Centro-Oeste dos Estados Unidos. As crianças se divertem no frio. Será que o planeta está mesmo mais quente?
Pesquisadores americanos dizem que algumas árvores podem ajudar a mostrar os efeitos do aquecimento do planeta. Elas estão assim, avermelhadas, porque morreram. O mais longo estudo sobre as florestas do noroeste dos Estados Unidos culpa o aquecimento global pela morte precoce das árvores.
Durante 50 anos, os cientistas monitoraram as florestas e concluíram que os pinheiros estão morrendo duas vezes mais rapidamente do que há 17 anos. As árvores sofrem com as altas temperaturas do verão e não conseguem se recuperar no inverno porque a neve derrete logo, aos primeiros sinais da primavera.
A bióloga da Universidade do Colorado Diana Tomback explica ainda que as árvores estão sob um ataque severo de besouros. "A sobrevivência dos besouros está ligada ao aquecimento do planeta. E essa proliferação dos insetos vem ocorrendo há pelo menos dez anos”, diz ela.
Segundo a bióloga, os efeitos em cascata podem ser desastrosos. Besouros matam as árvores, acabando com as sementes, que são a fonte de alimento de pássaros e ursos nos Estados Unidos.
Industrialização
Mas por que, segundo os cientistas, o planeta está mais quente? A Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas aponta razões históricas.
Desde que o mundo se tornou industrializado, no século XVIII, aumentou a quantidade de dióxido de carbono e de outros gases que provocam o efeito estufa. Os gases formam uma barreira, retendo a energia solar.
No laboratório da Universidade de Boulder, cientistas monitoram o ar do planeta. Uma vez por semana, o laboratório recebe amostras do ar de todas as partes do mundo, do mar do caribe, dos lagos da Europa, das montanhas da China, da floresta amazônica. O diretor do Instituto do Ártico e Pesquisa Alpina da Universidade, Alan Townsend, analisa as amostras, para ver de onde vem o dióxido de carbono.
Os Estados Unidos são um dos maiores vilões. "Somos um dos maiores consumidores de energia por pessoa. E por isso temos que assumir a liderança para tentar resolver o problema", diz Townsend.
Entre 1990 e 2007, os Estados Unidos aumentaram em 16,5% as emissões de gases, chegando a mais de 7 bilhões de toneladas por ano. Entre 2007 e 2008 houve uma pequena queda, que os cientistas atribuem à crise econômica e à queda da produção industrial.
E de onde vêm esses gases? A energia usada para iluminar casas e movimentar fábricas vem principalmente do carvão. Ele é queimado nas usinas e das chaminés sai o dióxido de carbono. Mas a quantidade absurda de carros circulando pelos Estados Unidos é quase tão nociva quanto a queima de carvão.
Recusa
Na Casa Branca, George Bush se recusou a assumir o compromisso de reduzir as emissões de dióxido de carbono. Agora, Barack Obama propõe uma redução de 17% até 2020.
Em setembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon visitou o Ártico e se assustou ao atravessar de navio um trecho onde, antes, havia gigantescos blocos de gelo. Desde então, vem pressionando líderes mundiais para tomar decisões, na reunião sobre o meio ambiente, em Copenhague.
Apesar dos números pessimistas sobre a poluição mundial, o ecologista Townsend diz que não é tarde para agir.
O mundo precisa aprender a não desperdiçar energia, a buscar fontes alternativas, além do carvão, do gás e do petróleo. E usar soluções de engenharia para reduzir os níveis de dióxido carbono. Soluções para proteger o planeta.
A Agência Americana de Proteção Ambiental anunciou, nesta segunda-feira, que os gases responsáveis pelo efeito estufa representam uma ameaça à saúde humana. Isso é importante porque permite ao governo dos Estados Unidos adotar medidas pra controlar as emissões sem a necessidade de aprovação do Congresso.
(G1 / AmbienteBrasil, 08/12/2009)