Negociador chefe da delegação brasileira em Copenhague afirma que a ajuda de nações desenvolvidas para as mais pobres é pequena e sem comprometimento, e que esse ainda é o maior obstáculo para um tratado global
“O problema em Copenhague é a falta de engajamento claro dos países ricos com relação a recursos financeiros para ações de mitigação e adaptação”, afirmou nesta segunda-feira (07/12) o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, que chefia a delegação brasileira nas negociações climáticas.
E isto é algo que precisará ser alcançado nos próximos dias de negociações, pois como disse Machado, citando a presidente da COP-15, Connie Hedegaard, ‘no money, no deal’, ou seja, sem dinheiro não haverá acordo. “Não será possível sair da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 15) sem financiamento, transferência de tecnologia e financiamento a longo prazo”, comentou Machado.
Nesta terça-feira (08) iniciam as consultas informais nos dois grupos de trabalho criados na Conferência de Bali, em 2007, que devem finalizar um texto até a próxima terça-feira (15) para serem aprovados até a sexta-feira (18). Um deles, conhecido pela sigla AWG-PK, tem como objetivo concluir uma proposta de metas para o segundo período do Protocolo de Quioto, que vai de 2013 a 2020. O outro, chamado AWG-LCA, discute novas metas também para países que estão fora de Quioto, em especial os Estados Unidos, assim como assuntos não incluídos neste tratado climático, como o mecanismo para reduzir emissões do desmatamento denominado REDD.
Para atender rapidamente o pedido por dinheiro, recentemente surgiu a proposta de criação de fundo para financiamentos imediatos, chamado de ‘fast start fund’, que receberia US$ 10 bilhões ao ano dos países ricos para os países em desenvolvimento usarem em adaptação, para evitar o desmatamento e em tecnologias que ajudariam a reduzir emissões.
Contudo Antonio Hill, da OXFAM, alerta que a União Européia está tentando fazer com que este não seja um dinheiro adicional a promessas já feitas a países em desenvolvimento. “Esta é uma grande preocupação, pois significa que não há comprometimento. E a mais e mais países ricos aderindo a esta idéia”, comentou.
Hill destaca que a questão não é necessariamente ser rápido, e sim garantir fundos públicos sendo transferido das nações ricas para as pobres em larga escala, estimando serem necessários US$ 200 bilhões por ano para adaptação e mitigação. “Há um grande risco de termos um acordo aqui em Copenhague com um pouco de dinheiro a curto prazo, mas não a longo prazo, o que é preciso”.
(Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil, 08/12/2009)