Santa Cruz do Sul integra desde ontem a relação de municípios em situação de emergência no Rio Grande do Sul em decorrência das chuvas de novembro. O decreto 7.964 foi assinado durante a manhã pela prefeita Kelly Moraes e será comunicado à Defesa Civil Estadual, que providenciará a homologação. Nesta condição, o município se habilita a receber recursos federais destinados à recuperação de áreas atingidas, além de obter benefícios como a isenção de licitação para contratar empresas em serviços de emergência relacionados aos estragos. Produtores rurais também são contemplados com a medida.
Com a medida adotada por Santa Cruz, o número de cidades gaúchas que decretaram situação de emergência chegou a 150, conforme balanço da Defesa Civil Estadual (DCE). Só nessa segunda-feira foram seis. As chuvas, que atingem o Rio Grande desde o último dia 13 de novembro, deixaram 15.580 residências danificadas e outras 341 destruídas. Oito pessoas morreram e 9.771 ficaram desalojadas. Outras 4.691 estão desabrigadas, segundo a DCE.
Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, José Osmar Ipê da Silva, o município contabiliza perdas de cerca de R$ 50 milhões, montante reforçado sobretudo pelos prejuízos com a agricultura. O levantamento foi feito com base em informações colhidas por entidades e órgãos como Afubra e Emater, além da Secretaria Municipal da Agricultura. “A situação afeta principalmente os pequenos agricultores”, afirma Ipê.
A decisão pelo decreto de emergência levou em conta também a condição das estradas do interior, que sofreram com deslizamentos e apresentam problemas de trafegabilidade em várias localidades. Os deslocamentos de terras de morros e encostas atingiram ainda alguns pontos da área urbana, onde a Prefeitura teve que providenciar a evacuação das residências.
LIBERAÇÃO
O Executivo espera ainda para esta semana uma equipe da Defesa Civil Estadual, que deve enviar técnicos da regional de Santa Maria para comprovar os dados do relatório enviado pela coordenação local. Depois disso, o decreto precisa de assinatura da governadora Yeda Crusius para que seja reconhecido pelo governo federal, garantindo a liberação de recursos e condições especiais de negociação e financiamentos para produtores rurais.
Desde já, a condição garante agilidade na contratação de empresas para trabalhar na recuperação dos estragos. “Nossa preocupação neste momento deixou de ser a possibilidade de novos temporais e passou para o atendimento das áreas prejudicadas, em virtude da urgência de reparos”, aponta Ipê. No campo, o foco é generalizado, já que os temporais danificaram tanto lavouras, como as de fumo e feijão, quanto a pecuária e a produção de leite.
A precipitação em novembro, em Santa Cruz, chegou a 410 milímetros, quatro vezes mais do que a média prevista para o mês. Até o ano passado, o novembro mais chuvoso no município havia sido o de 1941, com 294 milímetros, segundo dados da Estação Meteorológica da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). No Vale do Rio Pardo, o maior volume de chuva foi registrado em Encruzilhada do Sul, com 515 milímetros, seguido de Rio Pardo, com 433.
Na região, General Câmara, Vale Verde, Boqueirão do Leão, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Vera Cruz, Encruzilhada do Sul, Estrela Velha, Cerro Branco, Candelária, Vale do Sol e Sobradinho já haviam decretado situação de emergência até a semana passada.
(Gazeta do Sul, 08/12/2009)