Segundo estudo publicado na Nature, apesar do crescimento na quantidade total de carbono absorvido, capacidade de retenção dos mares está diminuindo
Um estudo realizado nos Estados Unidos estima que os oceanos absorveram um recorde de 2,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono resultantes da queima de combustíveis fósseis em 2008. Com o aumento na quantidade total de emissões, entretanto, a proporção absorvida pelos oceanos desde 2000 caiu em cerca de 10%. Liderado por Samar Khatiwala, da Universidade Columbia, a pesquisa foi publicada na edição do dia 19 de novembro do periódico científico Nature. Os oceanos têm um papel fundamental na regulagem climática, retendo cerca de um quarto de todo o dióxido de carbono lançado pela ação humana.
Agora, segundo o estudo de Khatiwala, os oceanos chegaram ao limite, tanto físico como químico, de sua capacidade de absorver o dióxido de carbono. Modelos climáticos desenvolvidos anteriormente já haviam previsto essa diminuição, e esta nova pesquisa quantifica a queda. “Quanto mais dióxido de carbono, mais ácido fica o oceano, reduzindo a capacidade de manter o CO2”, disse Khatiwala. “Por causa dessa consequência, com o tempo o oceano se torna um repositório menos eficiente. A surpresa é que podemos estar diante das primeiras evidências disso.”
Segundo o estudo, o acúmulo de carbono industrial nos oceanos aumentou enormemente na década de 1950, à medida que os oceanos passaram a tentar acompanhar o ritmo acelerado das emissões em todo o mundo. As emissões continuaram a crescer e, no ano 2000, atingiram tal volume que os oceanos passaram a absorver menos CO2 proporcionalmente, ainda que o total em peso tenha continuado a aumentar. Os oceanos mantêm cerca de 150 bilhões de toneladas de carbono industrial, um terço a mais do que em meados da década de 1990.
(Revista Época, 04/12/2009)