Trezentas mil mortes anuais e 250 milhões de refugiados ambientais são alguns dos números alarmantes lançados por diversas organizações em todo o mundo que traçam o "retrato humano" das alterações climáticas.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), presidido pelo antigo primeiro-ministro português António Guterres, estima que, na atualidade, existam 25 milhões de refugiados ambientais.
Até 2050, cerca de 250 milhões de pessoas poderão ser obrigadas a deixar os seus locais de origem por causa de múltiplas catástrofes naturais como as secas e as inundações e, a longo prazo, a desertificação ou a subida do nível médio da água do mar.
Por ano, serão seis milhões de pessoas em movimento, alerta a ACNUR, que admite que o fenômeno climático poderá tornar-se a principal causa do deslocamento de refugiados. Um outro alerta vem da organização não governamental (ONG) britânica Fundação para Justiça Ambiental (EJF), que atribui às mudanças climáticas 300 mil mortes anuais.
Cerca de 325 milhões de pessoas são afetadas todos os anos por fenômenos climáticos, segundo a ONG britânica, que vai mais longe e avisa que perto de 10% da população do planeta, entre 500 milhões e 600 milhões de pessoas, está em situação de "risco extremo".
No relatório "Não há lugar como a nossa casa: que destino para os refugiados do clima", divulgado no início de novembro, a EJF avança ainda que quatro mil milhões de pessoas estão "vulneráveis" ao aquecimento global.
Os alertas destas organizações, e de muitas outras, vão ao encontro de um dos mais recentes apelos do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Para o responsável, um acordo na conferência de Copenhague, de 7 a 18 de dezembro, é essencial para evitar uma aceleração da migração forçada, fenômeno que já está afetando o continente asiático e africano.
As crianças são outros dos "rostos" do fenômeno climático, segundo dados recolhidos pela ONG britânica Save the Children, que estima que as alterações climáticas poderão causar a morte de 250 mil crianças já em 2010, número que poderá ser ainda mais dramático dentro de 20 anos, com 400 mil mortes infantis anuais.
Para a organização humanitária, as alterações climáticas serão a maior ameaça à saúde das crianças do século 21, prevendo que até 2030 cerca de 175 milhões de crianças possam ser afetadas pelas consequências de desastres naturais como cheias, secas e furacões.
Os dados avançados pela organização humanitária citam ainda que na próxima geração mais de 900 milhões de crianças serão afetadas pela carência de água e 160 milhões correrão o risco de contrair malária.
A Conferência de Copenhague visa concluir um acordo que deve entrar em vigor antes de expirar o Protocolo de Quioto, em janeiro de 2013, para travar de forma vinculativa as emissões de dióxido de carbono.
(Lusa / UOL, 05/12/2009)