Uma onda de calor contribuiu para as fortes chuvas registradas na cidade de São Paulo durante o mês de novembro. De acordo com o Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), órgão ligado ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no mês passado a capital paulista teve 178 mm de chuva, enquanto o esperado para a época era de 143 mm.
O meteorologista Gustavo Escobar, do Cptec, diz que essa diferença de 35 mm não é muito significativa para esta época, em que normalmente chove bastante. Ressalta, porém, que as chuvas em São Paulo ficaram concentradas em poucos dias durante o mês, o que favoreceu a ocorrência de problemas como alagamentos.
Segundo Escobar, nenhuma frente fria se aproximou do Estado no mês passado. Sem elas, a capital registrou mais dias de sol e, consequentemente, a temperatura média foi maior: 30C, ante uma média histórica de 26C. O calor mais intenso levou à ocorrência de chuvas mais fortes e concentradas.
Foram 14 dias com chuva em São Paulo no mês passado. Mas em apenas três deles (9, 24 e 25 de novembro) choveu metade dos 178 mm verificados no mês.
Escobar apontou, entretanto, que a chuva registrada anteontem em São Paulo, que causou ao menos cinco mortes, ocorreu sob condições diferentes. De acordo com ele, o temporal foi influenciado pela aproximação da frente fria que chegou ontem ao Estado -a primeira desde novembro.
Seca
No Amazonas, subiu de 5 para 15 as cidades em situação de emergência devido à seca que atinge o centro-norte do Estado. São 214.949 pessoas (ou 42.989 famílias) afetadas pela fumaça das queimadas, falta de navegabilidade dos rios e de água potável. De julho até novembro, as chuvas na região foram 50% abaixo do normal.
Ontem, a Defesa Civil, o Serviço Geológico do Brasil e o Sipam (Sistema de Vigilância da Amazônia) divulgaram um alerta: com o fenômeno El Niño -aquecimento das águas do Pacífico- na modalidade moderado a forte, a estiagem deve continuar até fevereiro na região.
(Por Fábio Amato e Kátia Brasil, Folha de S. Paulo, 05/12/2009)