Quinta-feira, 3 de dezembro de 2009, 21h. Não poderia haver momento melhor para sair de bicicleta com um grupo de pesquisadores estrangeiros que vieram a SP para avaliar o nível de segurança e vulnerabilidade do pedestre e do ciclista na cidade. Depois de uma chuva que registrou congestionamentos de até 218 km, os 15 pesquisadores saíram da avenida Ibirapuera para percorrer 30 km com o grupo Pedal Paulista. Pedalaram apenas 22 km. Antes do primeiro quilômetro, na av. Hélio Peregrino (parada às 22h), um italiano sugeriu: "Andare al mare! (Vamos para o mar!)".
O projeto Safer Brain (Brasil + Índia) pretende transferir tecnologia em segurança no trânsito para países em desenvolvimento, a fim de melhorar a qualidade de vida dos "usuários sustentáveis" ("todos aqueles que não trafegam sem uma estrutura metálica de proteção"). "Foi bom ter chovido, para que vissem a complexidade dos nossos problemas", diz Iaci Rios, da IMR Desenvolvimento Organizacional, parceira brasileira do projeto, com a USP. A CET colabora.
Com um investimento de 2,5 milhões de euros e um prazo de 30 meses, o projeto é uma iniciativa da Universidade de Roma. Para o holandês Pascal Van Der Noort, diretor-executivo da Velo Mondial, não é mais difícil executar o projeto em uma cidade tão caótica. "Mudar é complicado sempre."
No passeio, pesquisadores de Itália, Holanda, Inglaterra, Alemanha e Índia pareciam assustados: "How often do you join them?" (Com que frequência você se junta a eles para pedalar?)", pergunta uma holandesa. No fim, a inglesa Claire Quigley sorriu: "Oh, it's one in a lifetime experience (Foi uma experiência única na vida)".
(Por Paulo Sampaio, Folha de S. Paulo, 05/12/2009)