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sem-terra passivos da silvicultura conflito fundiário
2009-12-04

Na manhã desta quinta-feira (03/12), mais de 70 famílias de várias comunidades geraiseiras da Região do Alto Rio Pardo (Norte de Minas), juntamente com os movimentos da Via Campesina, retomaram parte do seu território, terras do Estado tomadas por empresas de monocultivo de eucalipto.

A ocupação está sendo realizada em uma área de 3,6 mil hectares da empresa Replasar. Essas famílias, expropriadas pelas empresas nas décadas de 70 e 80, lutam pela retomada de seu território e exigem a retirada da referida empresa de suas áreas, além da regularização das terras para uso das comunidades. Para isso, elas exigem ação imediata do Instituto de Terras (ITER) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que vêm tratando com morosidade e descaso as questões relacionadas às comunidades rurais.

As comunidades, através da sua luta, estão revitalizando suas terras de morada, recuperando nascentes e terras destruídas pelas empresas; trazendo seus filhos de volta do corte da cana em São Paulo, da colheita do café no Sul de Minas, das periferias das grandes cidades, para projetos produtivos que convivem com o bioma Cerrado - produzindo alimento em equilíbrio com o meio ambiente.

Um pouco mais da história
O Rio Pardo de Minas, norte de Minas Gerais, foi durante a década de 70 alvo da expropriação de terras por parte de empresas transnacionais e nacionais de plantio de monocultura de espécies exóticas, como eucalipto. Tais empresas, subsidiadas pelo Estado, expulsaram centenas de famílias das terras devolutas para se instalarem na região. O uso das terras devolutas no estado está no centro de um conflito que envolve comunidades rurais, empresas reflorestadoras de eucalipto e o Estado.

As empresas arrendaram as terras devolutas por preço insignificantes. Esses arrendamentos foram realizados num período em que não havia limite para alienação de propriedades públicas, e os contratos começaram a vencer a partir de 2003. Por pressão das reflorestadoras e siderúrgicas, o governo de Minas vem renovando-os com as empresas.

As conseqüências da invasão e do avanço de empresas como a Floresta Minas, Replasa, Rio Dourado e Rui Macedo Sapuriti na região foram e são catastróficas, pois não foi considerado por parte do Estado que as áreas já eram historicamente habitadas por famílias que se utilizavam das plantas do cerrado, das chapadas e de formas coletivas para organizarem suas formas de produção e reprodução neste território.

Atualmente, várias famílias das comunidades rurais, frente ao descaso do Poder Executivo e Legislativo, vêm se organizado juntamente com os movimentos sociais do campo - reunidos na Via Campesina Brasil - para a retomada legítima do território. A luta dessas comunidades tem significado para os camponeses, geraizeiros e agricultores que a Justiça tem os olhos e ouvidos fechados para o povo, mas que através da organização e luta é possível construir uma nova forma de exercer poder popular. Este sim, está em favor do território e da vida!

(MST, 03/12/2009)


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