A Universidade de East Anglia, no Reino Unido, afirmou nesta terça-feira (1º/12) que afastará temporariamente o diretor de sua Unidade de Pesquisa Climática para abrir uma sindicância interna.
Phil Jones, cientista que dirige o centro, sairá de atividade para um grupo independente apurar acusações de manipulação de dados contra sua equipe. A investigação foi precipitada por uma série de e-mails roubados por piratas virtuais e publicados abertamente na internet, revelando conversas privadas entre climatólogos britânicos e americanos.
Ativistas que negam a existência do aquecimento global como causa de atividades humanas interpretaram os textos como prova de que os climatólogos de East Anglia forjaram estudos para defender sua causa. Apelidaram o episódio de "Climagate".
Nenhuma das mensagens reveladas pelos piratas, porém, oferece prova direta de manipulação. Os céticos do clima baseiam a alegação numa mensagem em que Jones fala sobre tratamento de dados.
O climatólogo diz ter usado um "truque" para "esconder o declínio" de temperaturas numa série de gráficos. Colegas que defendem o cientista dizem que o termo truque, no caso, se refere a "um bom jeito de lidar com um problema" e não a uma farsa.
Confusão
Nicholas Stern, autor de um conhecido estudo sobre mudança climática e economia, diz que os e-mails revelados não sustentam a tese de uma conspiração criada para forjar a existência do aquecimento global.
"Isso criou confusão, e confusão nunca ajuda discussões científicas", afirmou o cientista britânico, que diz não crer que o episódio traga problema para a conferência de Copenhague, que debaterá o novo acordo para frear o efeito estufa.
(Folha Online / AmbienteBrasil, 03/12/2009)