Após um período de incertezas, a tendência é que o mercado de carbono cresça e se consolide nos próximos anos, segundo o consultor de Mudanças Climáticas da MGM, Stefan David. “Havia um grande desconforto de não se saber o que aconteceria em Copenhague (onde será realizada a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas, de 7 a 18 deste mês). E um desconforto global por achar que os Estados Unidos não iriam se comprometer com nada, a China ia ficar de fora também e o Brasil assumiria uma meta voluntária”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil.
Apesar de apostar no crescimento das negociações envolvendo créditos de carbono, David afirma que ainda não é possível definir exatamente qual será o valor das reduções de gases estufa no mercado mundial. “A questão é como vai atuar a oferta e a demanda e isso vai impactar nos preços.” Entretanto, o consultor acredita que o preço do crédito não deverá cair abaixo do patamar atual de 10 euros por tonelada de carbono.
Ele ressaltou que o mercado de carbono sofre transformações constantes que tornam as regras para aprovação dos projetos cada vez mais rigorosas. “O espírito do sistema é a busca de melhoria contínua”, enfatizou.
Segundo o consultor, esse aperfeiçoamento contínuo é que possibilita a diferenciação de um projeto com validade ambiental para uma ação que deveria ser corriqueira naquela atividade. “Quando você quer desenvolver uma atividade que vai reduzir as emissões de gases do efeito estufa e no seu setor todo mundo já está fazendo aquilo que você quer fazer, não está trazendo nada de inovador e não está contribuindo para reduzir as emissões. O sistema entende que se você não fizer essa atividade mais moderna que todo mundo está implantando você vai desaparecer do mercado”, explicou.
Essas mudanças constantes, no entanto, também fazem com que exista alto risco de que os projetos não consigam certificação da Organização das Nações Unidas (ONU) para captar recursos. David citou o fato de que das cerca 300 metodologias apresentadas no órgão para medir a quantidade de carbono evitado menos de 150 foram aprovadas.
(Agência Brasil / AmbienteBrasil, 03/12/2009)