Pituaçu, em Salvador (BA), vai se transformar no primeiro estádio solar do Brasil – e também da América Latina. Com capacidade para 30 mil espectadores, o Estádio Metropolitano de Pituaçu receberá painéis fotovoltaicos que irão gerar 600 MWh (megawatts/hora) de energia e o transformarão em autossuficiente. O projeto foi aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e as obras devem iniciar em 2010.
Ainda que não faça parte das arenas que receberão os jogos da Copa de 2014, a obra orçada em R$ 5 milhões faz decolar o projeto Estádios Solares. A proposta da UFSC em parceria com o Instituto Ideal (Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas da América Latina) já foi apresentada em diferentes instâncias e traz estudos para que o Mundial de 2014 tenha estádios alimentados por energia solar.
No caso de Pituaçu, a UFSC também deu todo suporte ao projeto apresentado pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) para a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). “Para a UFSC este é mais um projeto de geração solar fotovoltaica em meio urbano, com a injeção de grandes blocos de energia no sistema de distribuição da concessionária. E é a primeira vez que acontece no Brasil com este nível de potência”, comemora o professor Ricardo Rüther, pesquisador do Laboratório de Energia Solar da UFSC, onde estudos neste campo são desenvolvidos há mais de dez anos.
Segundo ele, o projeto se enquadrou no Programa de Eficiência Energética e Pesquisa e Desenvolvimento da Coelba, e dependerá da Aneel a aprovação de projetos desta natureza para outras arenas no país. As negociações para que os demais estádios que sediarão a Copa de 2014 se tornem solares continua. “Temos uma parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para o Mineirão, que está em estágio bastante avançado”, informa o pesquisador, que comemora o encaminhamento das possibilidades de implantação também no Maracanã, no Rio de Janeiro, e na Arena, de Brasília.
Desafio: paridade tarifária
Os estudos realizados pela UFSC para quatro estádios (Maracanã, Beira-Rio, Mineirão e Fonte Nova) mostram que o investimento necessário para instalação dos geradores fotovoltaicos em cada um deles varia entre R$ 18 e R$ 42 milhões. Este investimento é um dos desafios para que o projeto saia do papel.
“Os custos da geração solar ainda são mais altos do que os da geração convencional, mas existe uma forte tendência de queda, que segue o que se chama de ´curva de aprendizado`, e mostra que cada vez que a capacidade acumulada de um certo produto industrializado de elevada tecnologia dobra, o seu custo de produção cai x por cento”, explica o professor Rüther.
Segundo ele, para a tecnologia solar fotovoltaica este cálculo tem se traduzido em reduções de custos de mais de 5% ao ano. “A partir desse raciocínio se pode estudar quando é que a geração solar fotovoltaica vai chegar a ser competitiva com a convencional, e esta é a base de muitos de nossos estudos e projeções”, complementa.
Rüther lembra que enquanto a energia convencional só aumenta de custo por causa da internalização cada vez mais necessária de seus impactos ambientais e de sua disponibilidade cada vez mais limitada, o custo da geração solar cai ano a ano. E em algum momento no futuro próximo estas duas curvas se encontrarão este é o ponto da paridade tarifária. “Os estádios solares são um projeto de vitrine, para que se ganhe experiência com esta tecnologia ao mesmo tempo em que ela atinge sua viabilidade econômica”, defende o pesquisador.
Mais informações: ruther@reitoria.ufsc.br / Também com Alexandre Montenegro (48) 8408-1498
(Por Arley Reis, Agecom, 01/12/2009)