Tatsch afirma que no encontro Camino fez ponderações sobre o edital do Pisa
Frente às suspeitas de um esquema de propina nas obras do Projeto Integrado Socioambiental de Porto Alegre (Pisa), o secretário municipal da Fazenda, Cristiano Tatsch, afirmou ontem ter recebido um alerta do empresário Marco Antônio Camino sobre o valor previsto para os contratos.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Tatsch contou ter recebido Camino em seu gabinete em 2008. Segundo o secretário, no encontro, o empresário fez algumas colocações e avaliou os pré-editais do Pisa, que haviam sido lançados em fevereiro, ponderando que os contratos tinham valores que não condiziam com a realidade.
– Eu o ouvi e levei as ponderações ao conhecimento do Presser (Flávio Presser, diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos). Ele disse que nós não iríamos mudar o processo que tínhamos em andamento. Não houve mudança alguma e o edital foi seguido à risca – afirmou o secretário.
Tatsch descartou influência do empresário, indiciado em inquéritos da Operação Solidária, no processo. Acrescentou que a prefeitura não modificou os termos da publicação e que, em nenhum momento, atuou para beneficiar a empreiteira, que não venceu a licitação. Tatsch contou ter conhecido Camino porque o empresário executou a obra do Conduto Álvaro Chaves-Goethe, a partir de contrato assinado em 29 de dezembro de 2004, durante o governo de João Verle (PT).
Ontem, a prefeitura repetiu o mesmo gesto do dia anterior, quando foi ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) pedir uma inspeção extraordinária nos contratos. O secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Clóvis Magalhães, e Presser se reuniram com o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do Ministério Público (MP), Luiz Carlos Ziomkowski. Eles afirmaram que todas as informações referentes ao Pisa estão à disposição do MP.
A Polícia Federal também se manifestou ontem. O delegado Ildo Gasparetto afirmou que pretende se reunir com o Ministério Público de Contas para analisar os contratos do projeto. Depois disso, a corregedoria da PF deverá se manifestar se o órgão tem competência para instaurar inquérito sobre o assunto.
(Zero Hora, 04/12/2009)