As constantes chuvas e os fortes ventos que tantos transtornos já causaram no Rio Grande do Sul, especialmente na região norte, também provocam destruição e preocupação no Vale. Depois de Taquari e Boqueirão do Leão, agora são os municípios de Progresso e Arroio do Meio que decretaram situação de emergência pelos danos que se somam a cada novo temporal. Em Progresso, a produção de fumo, que é uma das principais culturas locais, deve ter uma quebra de 20%, representando um prejuízo de aproximadamente R$ 4 milhões.

De acordo com o prefeito Edegar Cerbaro, o mau tempo dos últimos dias também causou destruição em lavouras de milho e feijão, que devem sofrer uma redução de 10% em cada cultura.  “Juntamente com a Emater e empresas fumageiras fizemos um levantamento dos problemas que as últimas chuvas vinham causando no município, especialmente no interior. E resolvemos assinar o decreto depois de conferir os estragos”, justifica Cerbaro. Além da quebra na produção do tabaco, a expectativa é de uma safra com diminuição de qualidade, que pode chegar a 5%.

“O decreto de situação de emergência já é viável a partir de perdas de R$ 2 milhões e nós registramos o dobro disso”, argumenta. O chefe do Executivo ressalta que a região mais prejudicada pelos últimos temporais é a do Distrito de Campo Grande. Mas o tempo ruim não afetou apenas lavouras de Progresso. Vários trechos de estradas, bueiros e pontilhões foram atingidos pelas constantes enxurradas. “Há locais em que já realizamos consertos umas quatro vezes. É um trabalho que se perde com a força da água”, lamenta.

Tapa buracos
Cerbaro informa que equipes da prefeitura já trabalham com operações tapa buracos e conserto de bueiros e cabeceiras de pontes. “Aguardamos, agora, a vinda de representantes da Defesa Civil para a vistoria. E a expectativa é de que a ajuda não demore”, enfatiza. O prefeito reforça que o município não dispõe de recursos para dar conta de tantos estragos. “Este está sendo um ano complicado para as prefeituras, que somam perdas consideráveis nas arrecadações. E agora essas situações, que não eram previstas”, justifica. 

Estradas e acessos
Na sexta-feira foi o prefeito de Arroio do Meio, Sidnei Eckert, quem assinou o decreto de emergência. As constantes e intensas chuvas causaram problemas tanto na cidade quanto no interior. Os moradores do Centro e bairros sofreram com os bueiros que não suportaram a vazão da água, que acabou invadindo ruas, calçadas e residências. Na enxurrada da semana passada, pelo menos 50 casas foram atingidas. Os bairros mais afetados foram São Caetano, Rui Barbosa, Novo Horizonte, Dona Rita e Bela Vista. “No dia 23, choveu cerca de 65 milímetros em meia hora”, destaca o coordenador de Planejamento da prefeitura, Henrique Meneghini.

No interior, os prejuízos ainda são maiores. Praticamente toda a malha viária e acessos às propriedades foram danificados pelas últimas enxurradas. “Os bueiros não aguentaram, provocando muitas erosões e buracos. Cabeceiras de duas pontes também foram atingidas em Picada Arroio do Meio, comprometendo a estrutura”, enfatiza. Por enquanto, veículos pesados estão proibidos de transitar pelo local, já que a estrutura está comprometida. “Nenhuma estrada está interrompida porque equipes do município iniciaram um mutirão pelos locais mais críticos. As pontes vão demorar um pouco mais porque necessitam de um trabalho de engenharia”, emenda Meneghini.

Nas propriedades rurais, as famílias também enfrentam contratempos. Além das erosões acentuadas, as constantes chuvas impedem o início do plantio do milho (40% para plantar) e da soja (30% para plantar), além de danificar as pastagens, que não se desenvolvem pelo excesso de água no solo. “Se continuar chovendo nesse ritmo, a safrinha de milho vai ficar comprometida. Também deve haver prejuízos com os hortigranjeiros”, salienta o secretário de Agricultura, Paulo Graffi. Segundo ele, a situação é igual em todo o interior.

(Por Simone Wachholz, O Informativo, 02/12/2009)